Muitos pais hoje em dia estão acostumados a ver seus filhos querendo um animal de estimação, porém ficam inseguros em colocar um pet dentro de casa. Mas sabia que eles podem transformar, para melhor, a vida de toda a família? Pois é. Em tempos de preocupações com o uso excessivo de telas e o sedentarismo infantil, uma pesquisa feita pela Universidade da Austrália Ocidental revelou que as crianças aumentaram exponencialmente o tempo de atividade física diária ao terem um cachorro, simplesmente pelo hábito de correr e brincar.
Além disso, segundo os estudiosos, interagir ativamente com os cães pode reduzir as dificuldades comportamentais e sociais das crianças, aumentando sua disposição para cooperar com as pessoas de seu convívio. A médica veterinária Dra. Lina Goulart, por exemplo, atesta a importância dos pets no contexto de desenvolvimento infantil, especialmente pelos benefícios comportamentais gerados aos pequenos.
“Ter um bichinho traz muitos benefícios para uma criança. Em primeiro lugar, ensina a ter responsabilidade, pois ela aprende a cuidar do animal, verificando se ele comeu e bebeu água, por exemplo. Além disso, o amor e o carinho que o pet oferece contribuem para o desenvolvimento emocional da criança. Esse vínculo também auxilia no crescimento motor, estimulando diferentes habilidades. As crianças um pouco maiores, com 4, 5 ou 6 anos, ficam mais desinibidas, porque elas passam a ter assunto na escola, revelando detalhes do convívio com o animalzinho, o que favorece a socialização”, conta Dra. Lina.
Ela lembra, inclusive, uma experiência marcante em sua trajetória. “Certa vez, fui convidada para participar de uma atividade no SESI, onde uma professora estava desenvolvendo a alfabetização por meio do nome dos animais. Depois, ela fez uma rodinha com as crianças, que passaram a falar sobre seus bichinhos. Enquanto eu via uma menininha bastante empolgada ao comentar o dia a dia do seu cãozinho, outro menino confessou que não tinha nenhum animal de estimação. A voz dele chegou a sumir. Aquilo me deixou impactada. Tanto que, logo em seguida, mandei para a professora um peixinho de presente para esse garoto, pois era visível, pelo tom de voz dele, que estava triste, se sentindo inferiorizado, pois era o único na sala que não tinha nenhum bichinho de estimação”, relembrou.
Os benefícios de ter um pet, contudo, vão muito além da sociabilidade, como ressalta Dra. Lina. “É possível ver, em muitos vídeos na internet e em nosso dia a dia, a importância dos cães no auxílio a crianças com diferentes necessidades. Afinal, eles são extremamente úteis para crianças neuroatípicas, crianças com Transtorno do Espectro Autista, dentre outras. Os cães de grande porte, por exemplo, conseguem detectar crises epileptiformes e ficam próximos à criança durante o episódio, oferecendo apoio e conforto até que a crise passe”, diz a especialista. “Esses animais oferecem um suporte emocional muito importante em diversas situações do dia a dia, incluindo pessoas com depressão, que se apegam muito ao animal, ou até mesmo em momentos de perda, como o falecimento de um avô idoso, quando toda a família se une para decidir quem ficará com o cachorro que foi tão importante para o ente querido”, destacou.
Ao buscar por um bichinho de estimação para a criança, no entanto, é necessário tomar alguns cuidados, segundo Dra. Lina. “É preciso ficar atento para a criança não machucar o cachorrinho ou vice-versa. Deve-se escolher um animal de comportamento mais dócil, mais resistente, que vai suportar todas as brincadeiras. Muitas vezes, a criança aperta, se apoia nele, puxa o pelo etc. É importante, então, que o cachorro seja capaz de lidar com o peso e o contato físico da criança sem reagir de forma agressiva. É fundamental garantir que o cão se comporte de maneira paciente e amigável, proporcionando assim um convívio mais harmonioso”.