Difícil encontrar uma criança que não fique totalmente fascinada ao explorar o universo das animações, não é mesmo? Basta observar como elas se envolvem na magia de filmes como “Madagascar” ou “A Era do Gelo”, entre muitas outras produções, que frequentemente despertam na garotada o desejo de ter aqueles bichinhos de estimação. Mas será que adquirir um animalzinho exótico é uma tarefa simples como parece nas telinhas?
Para responder esta e outras perguntas, o Mania de Saúde ouviu a advogada e médica veterinária Dra. Larissa Goulart. Ela explica o que o tutor precisa saber antes de procurar por esse tipo de animal. “A lista de animais exóticos que podem ser criados no Brasil varia de estado para estado. Sendo assim, antes de adquirir um animal de uma determinada espécie, procure saber se ela atende aos requisitos legais de seu estado, para evitar maiores transtornos”, afirma Dra. Larissa. “Com o acesso à informação nos dias de hoje, torna-se mais fácil descobrir quais espécies são proibidas. Já vi casos de crianças, por exemplo, querendo um sugar glider, mas a gente sabe que não é permitido. Uma rápida pesquisa pode ajudar nesse processo”.
Dra. Larissa lembra outros detalhes importantes sobre a criação de exóticos. “Quando se trata de animais da nossa fauna, como papagaio, arara, ou mesmo serpentes, como a jiboia, procure criadores legalizados. Isso facilita a aquisição. Não é possível, por exemplo, capturar um animal da fauna nacional para, em seguida, tentar legalizá-lo. Se você encontra um filhote de maritaca, mas deseja legalizar esse filhote, não existe previsibilidade legal para isso. Ele será sempre considerado ilegal”, alerta Dra. Larissa. “Mas é importante ressaltar que nossa prioridade é garantir o bem-estar dos animais, independentemente de seu status legal ou origem. Todos eles merecem receber cuidados veterinários para preservar sua saúde e qualidade de vida. É este o objetivo da nossa atuação”, ressalvou.
Outra recomendação importante é conhecer as características do animal escolhido, independente se ele for exótico ou não. “Isso se aplica inclusive a cães e gatos, cujas raças são bastante diversas”, conta Dra. Larissa. “Se você deseja ter um bichinho, é preciso se informar sobre ele, a fim de entender seu comportamento, suas características, etc. A internet facilita esse processo, mas é importante também ter cautela, pois existem muitos conteúdos equivocados na rede. Uma dica de ouro é levar o animal para uma consulta de rotina com o médico veterinário, que vai orientar a maneira correta de cuidar daquela raça, prestando todas as orientações necessárias para garantir o cuidado apropriado àquele bichinho”.
Um exemplo, segundo Dra. Larissa, é a criação de aves não convencionais, feito Cacatuas, que muitas vezes sofrem com a falta de informação por parte dos tutores. “Na clínica de aves não convencionais, vemos muitos erros de manejo. É comum, por exemplo, as pessoas oferecerem uma dieta inadequada para aquela ave, mantendo-a em ambiente impróprio ou até mesmo expondo-a a outros animais, como cães e gatos”, revelou Dra. Larissa. “Mas aves domésticas precisam ficar em locais restritos, telados, sem possibilidade de contato com aves migratórias, por causa da gripe aviária. É importante também se informar sobre a dieta, pois nem sempre um determinado alimento é o mais adequado para aquele bichinho. Um caso típico é do papagaio que só come semente de girassol. Trata-se de um item muito pobre em nutrientes e rico em gordura. Os Psitacídeos, que são essas aves com o bico tortinho, como calopsita, agapornis, arara, também não devem comer abacate nem carambola, que são frutas tóxicas para a espécie. Ou seja: cada animal tem uma característica distinta e é preciso observá-las para garantir um melhor cuidado”.