Visibilidade importa: a presença de pessoas com deficiência na mídia transforma vidas

Visibilidade importa
Thaís Arruda – Advogada OAB/RJ 220665 • Direito da Pessoa com Defi ciência • Isenção de impostos • IPVA / Imposto de renda / Aquisição de veículos 0KM (22) 99606.1620 | @thaisarrudaadv

Como a representatividade nas redes sociais, na TV e na publicidade vem mudando percepções, combatendo o capacitismo e fortalecendo direitos

Quando foi a última vez que você viu uma pessoa com deficiência como protagonista de uma novela, apresentando um programa de TV ou estrelando uma campanha publicitária? Se demorou para lembrar, não é coincidência – é reflexo de uma ausência histórica que ainda persiste, mas que começa, pouco a pouco, a ser reparada.
No Brasil, mais de 17 milhões de pessoas declaram ter algum tipo de deficiência, segundo dados do IBGE. Apesar disso, a presença delas na mídia, na publicidade e nas redes sociais ainda é escassa — uma ausência que impacta diretamente a forma como a sociedade as enxerga (ou escolhe não enxergar).

Visibilidade importaA representatividade de pessoas com deficiência na mídia e nas redes sociais não é apenas uma questão de inclusão estética. Ela tem impacto direto na forma como a sociedade percebe essas pessoas. Estar presente nos espaços públicos – inclusive no imaginário coletivo – é uma forma de existir com dignidade.

Nas redes sociais, vemos cada vez mais influenciadores PcDs ganhando espaço, compartilhando suas vivências, questionando padrões e inspirando mudanças reais. Ao ocuparem esse território, eles rompem com estereótipos, enfrentam o capacitismo e mostram que deficiência não define capacidade, desejo ou potência. São vozes que educam, informam e provocam reflexão, ao mesmo tempo em que humanizam e aproximam.

Essa nova presença também movimenta o mercado. Empresas que apostam em campanhas mais diversas têm colhido frutos tanto na imagem institucional quanto na conexão com o público. Um bom exemplo foi a campanha da marca de cosméticos Natura, que, em uma de suas ações de Dia das Mães, trouxe uma modelo cadeirante como protagonista – não apenas como símbolo de inclusão, mas como mulher real, forte e plural. A repercussão foi imediata e positiva: mais identificação, mais engajamento, mais alcance.

Mas representatividade vai além da imagem. Ela precisa vir acompanhada de acessibilidade, respeito, escuta e oportunidade. Não basta aparecer: é preciso estar presente de forma genuína, ativa e significativa.

Como advogada atuante na defesa dos direitos das pessoas com deficiência, tenho acompanhado de perto os efeitos positivos da visibilidade e da participação social. A garantia de direitos começa também pelo reconhecimento: quando uma pessoa se vê respeitada em sua individualidade e potência, ela se sente autorizada a ocupar todos os espaços – inclusive aqueles que historicamente lhe foram negados.

Sigo acreditando que cada espaço ocupado com verdade, cada história contada com autenticidade e cada rosto mostrado com orgulho são sementes plantadas para uma sociedade mais justa.

Porque visibilidade é mais do que ver. É reconhecer. É incluir. É permitir que cada pessoa – com ou sem deficiência – saiba que tem lugar, voz e valor.

Thais Arruda é advogada com atuação especializada na defesa dos direitos das pessoas com deficiência. Atua na promoção da inclusão social e cidadã, com foco em garantir o acesso à dignidade, à justiça e à informação para todos.