Desenvolvendo habilidades de crianças atípicas

Tarefas cotidianas, como comprar frutas, ajudam na autonomia de pacientes

Atividades simples do dia a dia, como arrumar a cama, guardar brinquedos ou ajudar na cozinha, podem parecer rotinas banais. Mas, para pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA), essas tarefas têm um papel essencial no desenvolvimento da autonomia, da coordenação motora e da socialização. Cada gesto repetido, cada pequena responsabilidade assumida, contribui para fortalecer habilidades cognitivas e emocionais, ao mesmo tempo em que promove mais segurança e independência. Especialistas e familiares têm observado como a participação em tarefas cotidianas pode ser uma aliada poderosa no processo terapêutico e educativo de crianças e adolescentes autistas. Ciente disso, o Espaço Clarisse Mota tem feito um trabalho com seus pacientes voltado para a criação desta autonomia, como levar as crianças com os profissionais responsáveis para visitar o entorno da sede e fazer pequenas compras. A neuropsicopedagoga Fernanda Fonseca explica como é o desenvolvimento na sua área. “A psicopedagogia vai além do ambiente clínico. Algumas sessões foram em ambientes externos, como idas à padaria, quitanda e cinema, que são locais favoráveis para estimular um aprendizado prático e significativo. Nesses lugares, crianças e adolescentes podem desenvolver diversas habilidades: na padaria, por exemplo, exercitam matemática (preços, troco) e leitura (nomes de produtos), enquanto no cinema estimulam a compreensão narrativa, a concentração e o seguimento de regras (fazer silêncio e não mexer no celular, por exemplo). Essas experiências também promovem habilidades sociais (interação com vendedores, filas), autonomia (tomar decisões simples) e percepção sensorial (cheiro, sons, texturas). Para quem tem dificuldades de aprendizagem, esses passeios reforçam conceitos de forma mais concreta e lúdica, aumentando o engajamento. Em resumo, a psicopedagogia em sessões externas transforma o dia a dia em uma oportunidade lúdica e eficaz de aprendizado, preparando o indivíduo para o mundo real”. A psicóloga Aryana Pessanha ressalta a importância desse tipo de abordagem. “O momento de interação fora do ambiente da clínica é fundamental para focarmos na vivência e na experiência com foco na percepção, no pertencimento e na autonomia. Essa prática de atividades em grupos estimula a empatia e a cooperação, promovendo habilidade social, interação, comunicação e resolução de problemas de forma lúdica e significativa”.