TDAH em adultos

TDAH em adultosPsicóloga da Clínica Casah fala ao Mania sobre o tema

Em adolescentes mais velhos e adultos (17 anos ou mais), frequentemente observamos sintomas como: remexer ou batucar as mãos ou os pés ou se contorcer na cadeira, levantar da cadeira em situações em que se espera que a pessoa permaneça sentada, sensações de inquietude, dificuldade em se envolver em atividades de lazer calmamente, dificuldade ou desconforto em ficar parado por muito tempo, como em restaurantes, reuniões, falar demais, dificuldade em aguardar a sua vez de falar, dificuldade para esperar a sua vez em uma fila e facilidade em intrometer-se ou assumir o controle sobre o que outros estão fazendo.

Sobre este tema, retomamos a conversa com a psicóloga da Clínica Casah, Lorena de Azevedo Gomes, Mestranda em Cognição e Linguagem (UENF) e Pesquisadora no Núcleo de Estudos e Pesquisas em Psicologia, Fenomenologia e Filosofias da Existência (NEPPFFE). “A clínica fenomenológica tem buscado explicar os desafios enfrentados por indivíduos com TDAH. Especialistas apontam dificuldades em manter a atenção em tarefas e atividades diárias. Entre os sintomas, destacam-se a desorganização, a perda de compromissos e o esquecimento de objetos. Pacientes relatam que, mesmo sem distrações evidentes, a mente parece estar longe. O fenômeno do hiperfoco se manifesta de forma intensa em momentos específicos. Durante períodos de desatenção, os detalhes do ambiente passam despercebidos. A hiperatividade revela-se na inquietude física e na necessidade constante de movimento. A impulsividade torna-se evidente na dificuldade de esperar a vez em conversas e filas. Na abordagem fenomenológica, toda consciência é direcionada a algo percebido. A atenção requer momentos de quietude para a assimilação detalhada do mundo. Quando a mente não desacelera, estímulos são percebidos de maneira superficial”.

Lorena de Azevedo
A Psicóloga da Clínica Casah, Lorena de Azevedo

O desconforto em permanecer parado, segundo a psicóloga, é comum em diversas situações cotidianas. “Pacientes demonstram comportamentos como remexer mãos e pés de forma contínua. Em ambientes como restaurantes ou reuniões, a inquietude se intensifica. A sensação de urgência e o ritmo acelerado dos pensamentos são marcantes. A metáfora ‘velocidade 2x’ ilustra o fluxo acelerado das ações e ideias. A fenomenologia explica a vivência da atividade como uma projeção para o futuro. Enquanto a atividade amplia o espaço vivido, a espera impede a ação proativa. Essa inclinação para o futuro imediato reforça o apego a estímulos intensos. Atividades como videogames e esportes oferecem sensações prazerosas e renovadas. Porém, a dificuldade de modular a consciência impede uma percepção mais contemplativa. Esse déficit afeta a organização e a realização de tarefas do dia a dia. A subestimação do tempo contribui para atrasos e problemas de gerenciamento. No trânsito, a imprudência pode resultar em riscos e acidentes. A desatenção também prejudica a escuta e o diálogo em relações interpessoais. Conflitos familiares e amorosos frequentemente têm a impulsividade como fator. Explosões de raiva, embora breves, deixam marcas emocionais profundas. A alta velocidade dos pensamentos pode resultar em muitas ideias não executadas. A experiência de vida fica prejudicada pela falta de reflexão sobre o passado. A hiperatividade, quando se alia à impulsividade, reduz a mediação do pensamento. Essa carência de reflexão compromete tanto a cognição quanto a linguagem. Profissionais destacam a importância do acolhimento e da validação do sofrimento”.

Por fim, Lorena destaca a importância de procurar ajuda. “Uma rede de apoio, somada à psicoterapia, é essencial para o equilíbrio. O atendimento psiquiátrico adequado garante intervenções medicamentais necessárias. A conscientização sobre o TDAH favorece uma convivência mais leve e assertiva. Divulgar informações sobre o transtorno é fundamental para reduzir o estigma. Assim, pacientes podem construir relações mais saudáveis consigo mesmos e com os outros”.