Lei que proíbe celulares em sala de aula já começa a surtir efeito
Houve um tempo em que a maioria dos estudantes ia para o colégio já pensando em trocar figurinhas com os amigos, marcar jogos de tabuleiro ou mostrar um brinquedo de última geração. Com a chegada da tecnologia, no entanto, isso mudou. A diversão entre a garotada foi substituída quase integralmente pelas telas dos tablets e dos smartphones, onde os adolescentes passam horas jogando, assistindo vídeos e interagindo nas redes sociais. Diante desse cenário, portanto, o que pode ser feito para que a tecnologia não prejudique o rendimento acadêmico e as interações entre os estudantes?
A fim de resolver esse impasse, o Congresso Nacional aprovou, no final de 2024, a lei que proíbe o uso de aparelhos eletrônicos nas escolas públicas e privadas de todo o país. Conforme divulgou o próprio Ministério da Educação, a Lei nº 15.100/2025 surgiu como uma resposta ao crescente debate sobre o uso dos smartphones em ambientes de ensino, que vinha gerando uma enorme preocupação devido aos impactos negativos no aprendizado e na saúde mental de crianças e adolescentes.

Para muitos professores e diretores de escola, a lei representa um avanço importante, pois busca equilibrar o aprendizado e garantir uma formação mais qualificada, beneficiando o sistema educacional como um todo. “A lei que proíbe o uso de celulares nas escolas, implementada em 13 de janeiro de 2025, estabelece um marco fundamental para proporcionar um ambiente de estudos mais saudável e produtivo para os estudantes”, afirma Bruno Paes Guimarães, diretor do Colégio Bittencourt. “Tanto os professores quanto os funcionários das escolas já percebiam esse problema há muito tempo, pois acompanhavam de perto a interferência dos celulares na rotina das crianças. Além de tirar o foco dos alunos, o uso excessivo da tecnologia dificulta a interação entre eles, justamente em uma fase em que a socialização precisa ser estimulada. Outro impacto é no rendimento escolar, já que o uso do dispositivo prejudica a atenção dos alunos, criando dificuldades no cumprimento de tarefas”, disse.
Segundo Bruno, o Colégio Bittencourt sempre contou com mecanismos próprios para manter o equilíbrio no uso da tecnologia, investindo em projetos esportivos e culturais para estimular o convívio entre os alunos e reduzir a dependência digital. “Na primeira semana de aula sem celular, por exemplo, a escola promoveu diversas atividades recreativas durante o intervalo, demonstrando a boa receptividade dos alunos quanto à medida. Afinal, não se trata apenas de coibir o uso do celular, mas de promover um ambiente mais saudável e afetivo na escola, permitindo que eles interajam com os colegas e professores de forma mais constante e proativa”, lembra o diretor.
Ele destaca, por fim, que o grande objetivo da lei não é punir os alunos. “Pelo contrário. A ideia é protegê-los de toda essa exposição às telas e às redes sociais. É importante, nesse contexto, oferecer o suporte adequado ao jovem que enfrenta dificuldades para se desprender da tecnologia, garantindo que a escola auxilie nessa transição de forma segura. O apoio da família, inclusive, tem um peso enorme nesse processo”, ressalta Bruno. “Isso ajuda a fortalecer o papel construtivo e enriquecedor de cada escola, que deve ser um lugar marcado por aprendizagens, ideias, sonhos e novas experiências. Nossa missão é promover uma cultura escolar que valoriza o indivíduo e o desenvolvimento integral de cada estudante, beneficiando diretamente o seu futuro”.