Higiene íntima de forma correta

Higiene íntimaHábitos inadequados podem favorecer o desenvolvimento de microrganismos patógenos, o que pode causar mal-estar ginecológico. A higiene íntima faz parte dos cuidados ginecológicos para que sejam evitadas infecções e até alergias no local. Nossa reportagem conversou com a médica ginecologista Dra. Jane Carla sobre o assunto. “A vulva é a parte externa da vagina, que possui sua própria proteção, composta de bactérias da flora vaginal e a mantém com pH ácido, impedindo que bactérias patógenas proliferem. O excesso, a falta de higiene ou uso de produtos inadequados geram o desequilíbrio desta flora, resultando em corrimentos com diferentes características, como secreções espessas e/ou amarelo-esverdeadas, abundantes e podendo também desencadear coceiras e odor fétido, mesmo após a higiene”, explica.

Entretanto, o que é certo ou errado na hora da higiene íntima? Dra. Jane responde. “O uso de sabonete em barra, de uso comum na casa e aqueles de glicerina vendidos em farmácias naturais, tem componentes que retiram a proteção natural, sendo a água corrente e sabonetes em espuma ou líquido indicados pelo ginecologista os mais convenientes. Em dias quentes, após atividades físicas e esportivas intensas, haverá necessidade de higiene íntima mais vezes ao dia. Não é recomendado usar constantemente absorvente íntimo diário, mesmo trocado várias vezes, porque impede transpiração local e favorece também a umidade local, inclusive os lenços umedecidos podem ser usados com cautela para evitar umidade, provocando desequilíbrio da flora local. No período menstrual, deve-se criar o hábito de troca dos absorventes externos, não ultrapassando 8h, os absorventes internos e coletores menstruais por mais de 4 horas, preferencialmente fazer higiene com água corrente todas as vezes de troca, conforme seu fluxo menstrual. As roupas íntimas devem ser adequadas, em algodão, evitando calcinhas de nylon e até mesmo roupas apertadas, para que a região genital não fique sem transpirar. Inclusive em casa, use roupas frescas com ou sem calcinha e dê preferência em dormir sem elas”, disse.

Dra. Jane Carla
A médica ginecologista Dra. Jane Carla

Os cuidados, porém, não terminam aí. “É importante, após a relação sexual, esvaziar a bexiga e higienizar a área externa da vagina. Não se deve utilizar duchas internas após a relação sexual ou em outra circunstância qualquer, pois elimina a defesa natural do organismo. É importante não esquecer o uso do preservativo, pois além de evitar gravidez, protege contra as infecções sexualmente transmissíveis. O uso por muitas horas de biquínis e maiôs molhados permite a proliferação de fungos e bactérias. Deve-se evitar sentar-se nos vasos sanitários públicos. E as calcinhas não devem ser lavadas e deixadas para secar no banheiro pelo risco aumentado de desenvolver fungos e causar desequilíbrio da flora. Evite uso de sabão em pó e amaciantes nas roupas íntimas por causar alergia a muitas mulheres, porém os específicos para este fim. A depilação total da vulva promove aumento da sensibilidade local, além de ressecamento local em muitas mulheres. Já a parcial permite uma redução dos suores e o acúmulo de secreção nesta área e maior areação local. Essas são algumas observações quanto à higiene íntima, que deve ser analisada para que evite o desequilíbrio da flora vaginal e patologias que incomodam a nós, mulheres. Em caso de dúvida, agende uma avaliação”.