A chegada da maturidade traz uma série de transformações para as mulheres, mas há uma que requer atenção especial: a menopausa. Basta lembrar que a mulher entra na menopausa, em média, aos 50 anos de idade, sendo que a irregularidade menstrual pode começar já aos 40 anos. Como se não bastasse, apenas 52% das mulheres fazem algum tipo de tratamento, enquanto a terapia de reposição hormonal – considerada padrão ouro para lidar com os incômodos da menopausa – é realizada por apenas 22% das pacientes.
Isso explica por que o acompanhamento ginecológico não pode se restringir à fase reprodutiva da mulher, devendo integrar a sua rotina de autocuidado durante todas as etapas da vida, já que inúmeros problemas podem surgir com o avançar da idade, como afirma a médica ginecologista e obstetra Dra. Rachel Tavares. “Com a chegada do climatério e da menopausa, o organismo feminino passa por inúmeras mudanças, especialmente pela queda na produção de hormônios. Isso pode aumentar o risco de várias condições de saúde, incluindo doenças cardiovasculares e perda de massa óssea, o que pode levar à osteoporose. Mas também podem surgir problemas como ressecamento vaginal, incontinência urinária, prurido vaginal, entre outros. A longo prazo, também há o risco de problemas neurodegenerativos, como a doença de Alzheimer, o que reforça a importância de uma abordagem preventiva para resguardar a saúde”.
Entre os sintomas característicos dessa fase da vida, segundo Dra. Rachel, estão os famosos calores, irritabilidade, alterações de humor e diminuição da libido. “Muitas vezes, essas manifestações são vistas como parte normal do envelhecimento, o que não deveria ocorrer. As mulheres acabam normalizando esses sintomas sem saber que há tratamentos disponíveis para obter um maior bem-estar”, alerta a especialista, destacando a importância da ginecologia endócrina nesse contexto. “A ginecologia endócrina inclui a avaliação de todos os aspectos hormonais da paciente ao longo da vida, desde a infância até a terceira idade. Isso permite uma visão integral da saúde da mulher, já que a gente vai enxergá-la como um todo, em vez de focar apenas em uma doença ou órgão específico”, explica Dra. Rachel. “Por isso é tão importante que a mulher dê seguimento à sua rotina médica, com exames preventivos sendo realizados anualmente, permitindo que ela se mantenha sempre ativa e saudável”, complementou.
É nesse momento, segundo Dra. Rachel, que a reposição hormonal pode fazer toda a diferença. “A reposição hormonal é uma importante opção de tratamento para muitas pacientes, embora não seja indicada para tratar todas as doenças. Quando utilizada corretamente e para quem não tem contraindicações, ela ajuda a prevenir diversas patologias, como doença cardiovascular, infarto, aterosclerose e osteoporose, além de melhorar o bem-estar geral da mulher”, ressalta a especialista. “Hoje ainda existe certo preconceito quanto à reposição hormonal, mas ela depende da aplicação correta, devendo ser baseada em evidências científicas e não em tratamentos inadequados ou experimentais. Quando utilizamos o método correto, nas doses adequadas, é possível garantir inúmeros benefícios à mulher, trazendo impactos extremamente positivos para a sua saúde”.
Dra. Rachel lembra, por fim, a importância de não menosprezar os sintomas, que devem receber atenção médica. “Geralmente, durante a menopausa, as mulheres chegam ao consultório já bastante sintomáticas e confusas, sem entender o que está acontecendo. Às vezes, a mulher pode acreditar que está com depressão ou ansiedade, mas, na verdade, está lidando com sintomas da menopausa. Daí a importância de não ignorar o problema e fazer o devido acompanhamento, porque há muitas formas de garantir uma melhor qualidade de vida para essa mulher, permitindo que ela possa aproveitar essa fase da vida em toda sua plenitude”.