O dia primeiro de abril é mundialmente conhecido como o Dia da Mentira. Há muitas explicações sobre a origem da data. Uma delas diz que a brincadeira surgiu na França e, de acordo com esta teoria, por volta do século XVI, o Ano Novo era comemorado no dia 25 de março, sendo que as festas duravam uma semana e iam até o dia 1º de abril. No ano de 1564, o Rei Carlos IX adotou oficialmente o calendário gregoriano, passando o Ano Novo para o dia 1º de janeiro, porém muitos franceses resistiram à mudança e continuaram seguindo o calendário antigo. Assim, algumas pessoas começaram a fazer brincadeiras e a ridicularizar aqueles que insistiam em continuar a considerar o dia 1º de abril como ano novo. Eram considerados bobos, pois seguiam algo que era sabido não ser verdadeiro.
Mas e quando a mentira deixa de ser uma brincadeira tola de uma data específica do ano e se torna um vício? Sim, existe uma patologia chamada “mitomania”, também conhecida como mentira obsessivo-compulsiva. Um transtorno psicológico em que a pessoa possui uma tendência compulsiva por mentir.
Nossa reportagem conversou com a médica psiquiatra Dra. Lana Maria Pereira, que explicou mais sobre o tema. “Todo mundo, em algum momento, conta uma mentira. Mas, normalmente, a gente sente a consciência pesada. O mitomaníaco não. Ele, de forma consciente e sempre com algum objetivo (geralmente de proteção), conta sistematicamente uma mentira. Mas, às vezes, ele também mente para falsear a realidade. Por exemplo, ele ouve alguém dizer que foi a uma festa e depois passa a contar para os outros que quem foi na festa foi ele mesmo e cria até histórias sobre o que aconteceu neste evento. Tenta fazer a coisa ficar melhor para ele. É um adoecimento psíquico e a pessoa vive de alimentar mentiras, que em geral a coloca em uma posição privilegiada, melhora a forma como o mundo pode vê-la ou como ela se vê. No caso da mitomania, é importante deixar claro que a pessoa sabe que está mentindo, é totalmente consciente de que o que diz não corresponde à verdade. E ela não faz por mal, ela não tem a intenção de prejudicar ninguém”, afirma.
Mas como reconhecer um mitomaníaco? “O ideal é não confrontar a pessoa, porque não vai mudar. Mas você consegue ver que ela está mentindo porque tudo é muito grandioso, exagerado. São coisas muito discrepantes, que não têm relação com a realidade. Geralmente essa pessoa não reconhece que precisa de um tratamento, que costuma ser com psicoterapia, não é com medicação. É um adoecimento psíquico e a pessoa precisa fazer terapia para tomar consciência da sua compulsão pela mentira e como ela pode fazer para estancar esse comportamento. A mitomania pode estar associada a algum distúrbio psiquiátrico e aí, identificada essa patologia, a psiquiatria entra com medicação para esse outro problema, mas não havendo, o tratamento é feito com o psicólogo”, orienta Dra. Lana.

