

No mês passado, a Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN) chamou a atenção do público para a importância do Dia Mundial do Rim, ocorrido em 11 de março, como forma de conscientizar e orientar o paciente com doença renal crônica (DRC) quanto aos próprios sintomas, para que ele possa se sentir apoiado – e empenhado – a alcançar um melhor bem-estar em seu dia a dia, tendo o engajamento de diversos profissionais de saúde, assim como de grande parte dos associados da própria SBN.
Mesmo com a relevância da campanha, entretanto, boa parte das pessoas ainda desconhece a atuação de um nefrologista, não raro confundindo-a com a do urologista, além de, em muitos casos, não saber a hora certa de procurá-lo para evitar maiores problemas. É sobre isso que conversamos com a médica nefrologista Dra. Tamires Teixeira Piraciaba, que revelou detalhes importantes sobre a especialidade nos tempos atuais. Confira.
Mania de Saúde – Antes de tudo, conte-nos um pouco de sua trajetória, para apresentá-la aos leitores.
Dra. Tamires Teixeira Piraciaba – Nasci em Campos, onde me formei na FMC em 2012. Vim para São Paulo para fazer residência médica de clínica médica e nefrologia na UNIFESP. Fiz ainda dois anos de mestrado em ciências na mesma instituição. Atualmente continuo aqui trabalhando na assistência clínica e ensino.
Mania de Saúde – Muitas pessoas costumavam confundir a atuação do urologista com a do nefrologista. Isso ainda acontece? Como definiria o papel do nefrologista para quem desconhece a especialidade?
Dra. Tamires Teixeira Piraciaba – Sim, isso ainda acontece. A formação dos dois especialistas é diferente: o urologista é um cirurgião, e o nefrologista é um clínico. O nefrologista investiga, trata e previne doenças renais. Algumas vezes há necessidade de intervenção cirúrgica, e o paciente precisa do acompanhamento de ambos os profissionais.
Mania de Saúde – Quais são os principais problemas tratados pelo nefrologista? Quando um paciente deve procurá-lo?
Dra. Tamires Teixeira Piraciaba – Os principais problemas são cálculo renal, infecção urinária e doença renal crônica (que acontece em casos, por exemplo, de pressão alta e diabetes de longa data). Deve-se procurá-lo quando há algum sintoma da doença ou, muitas vezes, quando o médico do paciente o encaminha devido à alteração de algum exame. Como muitas doenças são assintomáticas, o checkup é importante para verificar a função dos rins (destacando-se o exame de sangue creatinina, que avalia essa função).
Mania de Saúde – Qual seria, na sua visão, o grande avanço da especialidade nos últimos anos?
Dra. Tamires Teixeira Piraciaba – Quando o rim para de funcionar sem possibilidade de reverter o quadro, há necessidade de substituir os rins, seja com diálise ou transplante renal. As opções têm avançado com maiores tecnologias e possibilidades para os pacientes. Vale lembrar que o Brasil possui o hospital que mais transplanta rins no mundo (Hospital do Rim – SP) e nosso sistema funciona trazendo qualidade de vida para os pacientes. Além disso, recentemente muitos estudos desenvolveram opções terapêuticas para doenças glomerulares, podendo preservar a função renal daqueles acometidos por esse tipo de doença.
Mania de Saúde – Quais dicas você daria para prevenir problemas nos rins?
Dra. Tamires Teixeira Piraciaba – A melhor maneira de prevenir doenças renais é se conhecendo e cuidando de sua saúde em geral: se alimentar bem, se exercitar, se hidratar. Se tiver alguma doença como hipertensão e diabetes, tomar as medicações corretamente, acompanhar de perto com seu médico. Não tomar medicações sem orientação médica, pois muitas podem agredir os rins. A maior parte das doenças renais não dá sintomas, por isso a importância da vigilância. Para quem não tem problemas de saúde, recomendo um checkup anual com exames gerais incluindo creatinina, que é o exame que avalia a função dos rins.