O Brasil de olho na vacina contra o Covid-19

Caso a vacina de Oxford contra Covid-19 se comprove eficaz, produção no Brasil começa em dezembro

O mundo inteiro corre contra o tempo em busca de uma vacina contra o novo coronavírus. São muitas as iniciativas em diferentes partes do planeta para que uma possível imunização chegue o quanto antes, sendo umas mais promissoras do que outras. No Brasil, é grande a expectativa em torno da vacina de Oxford, que vem sendo testada no país.
De acordo com a Agência Câmara de Notícias, da Câmara dos Deputados, caso a vacina contra a Covid-19 desenvolvida pela Universidade de Oxford se comprove eficaz em testes preliminares, a produção no Brasil começará no fim do ano. Segundo Jorge Mazzei, diretor executivo de relações corporativas da AstraZeneca no Brasil, grupo farmacêutico anglo-sueco para o qual a vacina foi licenciada, o acordo fechado com o governo brasileiro prevê que, no momento em que a vacina se comprovar eficaz e segura, já haja matéria-prima para a produção imediata pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). Na comissão externa que acompanha as ações do governo de combate ao novo coronavírus, a diretora médica da AstraZeneca Brasil, Maria Augusta Bernardini, explicou que a vacina está na fase três de testes, de ensaios clínicos em humanos – estágio de desenvolvimento mais avançado em relação a outras vacinas pesquisadas no mundo contra a Covid-19.
Cientistas de Oxford concluíram que a vacina demonstrou resposta imune protetora em centenas de pessoas nas duas primeiras fases de testes. A pesquisa, que foi publicada na revista Lancet, afirma que a imunização estimula as células T, que ajudam no combate à doença. Aproximadamente 91% dos voluntários tiveram bons resultados. A pesquisa ainda aponta que a resposta imune pode ser maior após a aplicação da segunda dose do medicamento. Os testes da última fase ainda estão em andamento no Reino Unido, África do Sul e no Brasil. Alguns pacientes apresentaram efeitos colaterais, como febre, calafrios e dores musculares, mas os sintomas foram controlados com o analgésico paracetamol. O Brasil é o primeiro país fora do Reino Unido a iniciar a fase três de testes com a vacina de Oxford, o que começou a ocorrer em junho. O objetivo é testar ao todo 5 mil voluntários no país, a partir de parceria com a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Metade dessa população vai receber a vacina experimental, e a outra metade um ativo comparador. Os voluntários serão acompanhados durante um ano, mas com avaliações preliminares periódicas de eficácia. “Entre os meses de outubro e novembro, esperamos já ter resultados preliminares de eficácia a partir dessa análise dos pacientes brasileiros e do Reino Unido”, disse a diretora. A presidente da Fiocruz, Nísia Trindade Lima, confirmou que o acordo fechado com a AstraZeneca prevê a compra do ingrediente ativo e transferência de tecnologia, para que o laboratório da Fiocruz Bio-Manguinhos possa produzir a vacina contra Covid-19 antes dos resultados dos estudos finais e registro da vacina. A ideia é produzir “com risco” 15,2 milhões de doses em dezembro e 15,2 milhões de doses em janeiro, ao custo de US$ 127 milhões. Após a conclusão dos estudos, prevista para junho de 2021, se a vacina for aprovada e registrada, serão produzidas 70 milhões de doses, com custo de U$ 161 milhões. Segundo ela, a vacina traz esperança para o país, a qual vem da ciência e do Sistema Único de Saúde (SUS) – do qual a Fiocruz é parte –, que devem ter orçamento garantido.