Ósculos, beijo, ou simplesmente Ssssmaaaack! O beijo é a menor distância entre duas pessoas. Ocorre de maneira despretensiosa, quase que magnética, pela aproximação dos lábios entre duas pessoas, conectando-as nesse momento. O beijo representa os namorados, os enamorados, os amantes e os ficantes. O beijo é responsável pelo compartilhamento de quase 80 milhões de bactérias, e isso é bom! Isso é íntimo e o grande ator do beijo é a boca.
A boca que por vezes esquecemos e maltratamos. A boca é responsável pela nossa alimentação, respiração e fonação. Ela se continua na faringe e laringe, que compartilham sítios importantes de tumores. Os tumores de boca, língua, laringe e faringe são em sua grande maioria oriundos do tecido de revestimento, de seu epitélio. Esse epitélio está exposto a tudo que nós permitimos entrar na intimidade de nossa boca. Essa intimidade pode sofrer pela exposição a fatores promotores de câncer como alimentos defumados, dieta rica em sal, além do grande vilão da oncologia, o Tabaco. A exposição prolongada desses fatores são fortes promotores de câncer de boca, língua, faringe e laringe. Além de promotores oncogênicos, eles destroem a nossa dentição, o que por si só já promove inflamação crônica. Com a perda da dentição, necessitaremos do uso de próteses, que quando mal acopladas, promovem inflamação crônica. Essa inflamação crônica, contínua, é quem vai promover o câncer de boca.
Além dos fatores já expostos, a pandemia de HPV também afeta o tecido de revestimento bucal, sendo encontrado fragmentos do vírus na grande maioria dos tumores de cabeça e pescoço.
Sabendo disso, apesar de vivermos de maneira intensa, deslizes acontecem. Às vezes nos tornamos expostos a esses fatores, para isso temos que prevenir. O câncer de boca, faringe e laringe é curável; mas a detecção precoce se faz necessária. O dentista é quem diagnostica de maneira mais frequente, devido à sua seara. Mas isso não nos impede de nos vigiar, lesões esbranquiçadas, em áreas de dobra, feridinhas que duram um mês, bolinhas próximas a próteses ou cáries, devem ser examinadas o quanto antes. O tratamento varia muito de acordo com o estadiamento, mas esperar é a pior medida.
Pois bem, o clichê é verdade: “A saúde começa pela boca!”. Seja a saúde física, quanto a saúde mental. Tudo começa por bons hábitos de higiene bucal, visitando o dentista regularmente, assim como evitando fatores promotores de câncer. Nada melhor do que um beijo bom, com um bom hálito, com gosto de quero mais, e beije mais!
Dr. Haroldo Igreja
É médico cirurgião oncológico titular da
Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica