Pássaros: uma ótima companhia

A médica veterinária Dra. Lina Goulart

Neste período em que muita gente está em casa, pode surgir o desejo de ter um animalzinho de estimação para fazer companhia. Os pássaros podem ser uma excelente escolha, já que possuem cores lindas e um canto doce, que alegra todo o ambiente. Mas quem optar por esse tipo de pet, deve ter em mente os cuidados e exigências que o animal requer. Nossa reportagem conversou com a médica veterinária Dra. Lina Goulart sobre o assunto.

Mania de Saúde – Uma das principais dúvidas de quem tem ou quer ter um pássaro em casa é com relação à legislação. Por que é importante saber a procedência do animal?

Dra. Lina Goulart – Vivemos em um país de fauna rica e, vivendo no interior, temos o privilégio de admirar ao nosso redor diversos exemplares da fauna nativa. Infelizmente, essa proximidade às vezes passa a falsa impressão de que podemos pegá-los a qualquer momento e tê-los conosco. Existe na nossa região uma falsa crença de que é possível pegar um exemplar nativo e depois “legalizá-lo” junto ao Ibama, o que não é verdade. Um animal adquirido ilegalmente será sempre ilegal. A importância de saber a procedência de uma ave nativa está justamente na certeza de que ela foi criada por alguém com a devida autorização do órgão competente, que não é proveniente do tráfico e que não está de acordo com a legislação vigente. Um animal ilegal, na maioria das vezes, é submetido a condições precárias de higiene e de alimentação, tendo menores chances de ter uma vida saudável e longa, além de contribuir para acabar com os exemplares na natureza.

Os agapórnis são conhecidos como pássaros do amor e admirados pela coloração

Mania de Saúde – Que cuidados especiais os pássaros exigem e que muitas vezes as pessoas deixam passar?

Dra. Lina Goulart – Pássaros precisam de alimentação específica para cada espécie. Não é porque o animal aceita ou porque mostra preferência por um tipo de alimentação que deve ingeri-lo. Um exemplo clássico é só dar girassol ao papagaio ou só dar alpiste ao periquito. É preciso lavar e secar diariamente os potes de água e comida, limpar os ambientes. Algumas pessoas enchem os potes de água e de comida uma vez por semana e deixam lá, mas não percebem que tanto a água quanto o alimento vão ficando sujos. O hábito de trocar diariamente faz com que o tutor perceba se o animal está comendo muito, pouco, se está bebendo água ou não, além de notar qualquer problema nas fezes.

 

Mania de Saúde – Com que frequência o animalzinho deve ir ao veterinário?

Dra. Lina Goulart – O ideal é que todo animal consulte o médico veterinário a cada seis meses, para acompanhar o seu desenvolvimento e evitar que alguma doença seja descoberta tarde demais. Aves, por exemplo, têm a tendência de esconder ao máximo que não estão bem e só demonstram quando já estão muito mal. Quando se consulta um médico veterinário com frequência, é possível detectar e iniciar o tratamento precoce antes que o quadro se torne irreversível.

As calopsitas são as opções de psitacídeos mais domesticáveis e podem ser criadas mansas. Excelente opção como primeiro animalzinho para as crianças

Mania de Saúde – Alimentação também gera muitas dúvidas. O que pode e o que não pode?

Dra. Lina Goulart – O que não pode é encher o animal de comidas de gente pensando que, porque ele está pedindo, ele quer e, porque come, pode. É comum encontrar tutores que oferecem pão com leite, café e até vinho para suas aves, que chegam ao consultório em um estado de caquexia, morrendo de fome, por causa da alimentação nutricionalmente deficiente. Alimentação composta basicamente de girassol ou de alpiste também é um grande erro. É preciso oferecer uma alimentação balanceada. É comum encontrarmos papagaios obesos e doentes por se alimentarem primariamente de girassol, uma semente oleaginosa, rica em gordura, muito palatável, mas que não pode ser o único alimento oferecido ao animal. Além disso, abacate é uma fruta tóxica a psitacídeos.