Médicas psiquiatras falam sobre os desafios da mulher empreendedora e como conciliar diferentes papéis para obter o tão esperado sucesso
Homenageada no Globo de Ouro deste ano, a atriz Viola Davis foi destaque por sua trajetória. No entanto, isso não a impediu de exaltar outras mulheres ali presentes, especialmente as colegas de profissão que estavam concorrendo ao prêmio. “Vocês não são apenas atrizes, são forças da natureza moldando a história do cinema”, afirmou. Transpondo esse conceito para a área da saúde, no mês em que se celebra o Dia Internacional das Mulheres, o Mania de Saúde ouviu duas profissionais que vêm moldando a medicina em nossa cidade, com trajetórias tão impactantes quanto os aclamados roteiros de Hollywood.
Estamos falando das médicas psiquiatras Dra. Lana Maria Pereira e Dra. Gabriela Dal Molin, que exemplificam, com suas carreiras, o protagonismo exercido pela mulher na sociedade. Sendo referências em suas áreas de atuação, elas também são mães e empresárias, gerindo juntas uma empresa no setor de saúde, além de possuírem experiência como docentes, contribuindo assim para a formação de novas gerações de médicos na cidade.
“Tanto eu quanto Dra. Gabriela enfrentamos trajetórias desafiadoras e, ao mesmo tempo, extremamente gratificantes. Ao longo dos anos, construímos nossa identidade profissional unindo medicina, psiquiatria e empreendedorismo, sempre com o propósito de levar conhecimento e transformação para as pessoas”, ressalta Dra. Lana. “Conciliar tantos papéis – médica, gestora, mãe, filha, professora e palestrante – exige planejamento, disciplina e, acima de tudo, autoconhecimento. Aprendemos, ao longo do tempo, que não podemos carregar tudo sozinhas e que saber delegar, priorizar e cuidar da nossa própria saúde mental é essencial para manter o equilíbrio”, acrescentou.
Um dos grandes desafios das mulheres que desempenham múltiplos papéis, segundo as médicas, é a autocobrança excessiva e a dificuldade de reconhecer seus próprios limites. “No início da carreira, sentimos uma grande pressão, mas com o tempo percebemos que o verdadeiro sucesso não está em fazer tudo ao mesmo tempo, e sim em saber onde colocar nossa energia de forma estratégica. O segredo para o êxito na profissão está na união de três pilares fundamentais: conhecimento, propósito e resiliência”, contam Dra. Lana e Dra. Gabriela. “No fim das contas, o sucesso não se resume ao reconhecimento profissional, mas sim à capacidade de equilibrar carreira, vida pessoal e saúde mental, sem abrir mão do que realmente importa”.
Mesmo não sendo naturais de Campos dos Goytacazes, Dra. Lana e Dra. Gabriela hoje são plenamente reconhecidas na cidade e se deparam com muitos pacientes que vivenciam os mesmos dilemas da mulher moderna, tendo que se dividir entre o sucesso no mercado de trabalho e as demandas da vida pessoal. “As mulheres têm desempenhado uma série de funções, incluindo a reinserção no mercado de trabalho e a maternidade. Nem sempre, porém, elas têm uma rede de apoio para cumprir as tarefas do dia a dia. As mulheres, então, ficam sobrecarregadas e com múltiplas responsabilidades, impactando diretamente a saúde mental”, ressalta Dra. Gabriela. “Por isso, o equilíbrio é tão importante, tanto na nossa atuação profissional quanto no cuidado com nosso lar. Ter uma rede de apoio de qualidade também faz toda a diferença, contribuindo imensamente para o nosso bem-estar mental”.
Como lidar com os desafios de ser mulher?
Historicamente, como lembram as médicas, a mulher carrega consigo a necessidade de ser “boa em tudo”, mesmo executando múltiplas tarefas como profissional, mãe, esposa, amiga e filha. Essa sobrecarga gera um ciclo de exaustão emocional, afetando diretamente o sistema de recompensa do cérebro, o que pode levar à frustração e ao comprometimento da saúde física e mental. Entre os transtornos mais comuns, nesse contexto, destacam-se a depressão, ansiedade, burnout (exaustão extrema), insônia crônica, déficit de atenção, transtorno disfórico pré-menstrual (TDPM) e transtornos alimentares, como bulimia, anorexia e compulsão alimentar, frequentemente ligados ao perfeccionismo e à autocobrança excessiva, sendo os dois últimos, em geral, mais comuns entre as mulheres.
“Ser mulher, conciliar todas essas responsabilidades e ainda empreender é uma jornada de conquistas, mas também de desafios invisíveis. A constante necessidade de estar à frente, resolver problemas e garantir o sucesso de tudo o que está sob sua responsabilidade faz com que muitas mulheres negligenciem sua própria saúde mental”, alertam Dra. Gabriela e Dra. Lana. “Por isso, buscar apoio especializado é essencial para que as mulheres consigam o equilíbrio necessário em seu dia a dia, conquistando não apenas o sucesso, mas uma vida plena e repleta de realizações”.