O ano mal começou e a dengue já começa a alarmar a população. No dia 11 de fevereiro, por exemplo, o Brasil registrou 85 mortes confirmadas por dengue em 2025, com uma média de dois óbitos diários. Já em 2024, no mesmo período, a quantidade de mortes foi menor (62 confirmadas). Embora as estatísticas possam sofrer alterações nas próximas semanas, o dado mais impactante foi a primeira morte por dengue em 2025 na cidade de São Paulo, que envolveu uma menina de 11 anos, gerando ampla repercussão no país.
O episódio destacou a necessidade de redobrar a atenção com as crianças, especialmente durante esse período de aumento nos casos de dengue. Muitas vezes, os pais ficam inseguros quanto aos sintomas da doença, o que exige cuidados redobrados para evitar complicações graves, como já destacou, ao Mania de Saúde, a médica pediatra Dra. Laura Machado. Segundo ela, a infecção pelo vírus da dengue pode variar desde assintomática até sintomas graves – e, quando sintomática, pode se manifestar em três fases: febril, crítica e recuperação.
“Na fase febril, há febre alta (que pode durar de dois a sete dias) associada à dor de cabeça, prostração, dor nos olhos. Falta de apetite, vômitos e diarreia podem estar presentes. A criança também pode apresentar vermelhidão no corpo, que muitas vezes vem acompanhada de muita coceira. Já a fase crítica se inicia quando o paciente para de apresentar a febre (do terceiro ao sétimo dia de doença) e é quando precisamos de muita atenção, pois nessa fase podem surgir os sinais de gravidade”, afirmou a médica. “Precisamos ficar atentos à dor abdominal intensa, vômitos persistentes, tonteira, sangramento, sonolência ou irritabilidade, além de outros sinais que podem ser identificados no exame físico. A vigilância clínica é essencial para conduzir os casos graves da melhor forma possível”.
Na fase de recuperação, como explica a médica, é necessária a observação de complicações, como as infecções bacterianas secundárias. “Sarampo, Rubéola, escarlatina, doença de Kawasaki, Influenza, COVID-19, Infecção pelo Zika vírus, Chikungunya, febre maculosa, meningococcemia, são alguns exemplos de doenças que se manifestam de forma semelhante à dengue, sendo muitas vezes difícil ter essa diferenciação clinicamente. Os exames laboratoriais e os testes diagnósticos nos ajudam a direcionar para a hipótese clínica. Em situações de epidemia, temos sempre que pensar na possibilidade de dengue”, relatou.
Em crianças com sinais e sintomas suspeitos de dengue, é fundamental colher exames laboratoriais que incluem o hemograma e bioquímica, além do teste NS1, que deve ser feito até o quinto dia de sintomas. “Após o quinto dia, pode-se colher a sorologia para dengue. Em casos selecionados são necessários exames de imagem como radiografia de tórax, ultrassonografia e ecocardiograma. Hidratação é primordial no tratamento da dengue, mas precisa ser sempre muito bem calculada de acordo com o peso. O tipo de hidratação depende do quadro clínico do paciente, ou seja, conforme a gravidade do paciente, a hidratação será prescrita a nível ambulatorial (hidratação oral) ou hospitalar (venosa). Para pacientes sem sinais de gravidade, avaliados pelo pediatra, pode-se fazer repouso em casa, antitérmico para a febre (orientado pelo médico), além da hidratação oral prescrita de acordo com o peso do paciente. Esse paciente precisa ser reavaliado clinicamente com frequência para a monitorização dos sinais de gravidade”, reforçou a médica.
Além das medidas preventivas contra o Aedes aegypti, é essencial manter a vacinação das crianças em dia, garantindo proteção contra diversas doenças. Consultas regulares com o pediatra também fazem a diferença, permitindo um acompanhamento adequado e intervenção rápida em caso de necessidade.