Perdeu o registro de vacinas? Veja o que fazer!

Nos últimos anos, a vacinação parece ter entrado de vez na rotina de pessoas das mais diferentes idades, que começaram a se proteger com maior cuidado após a pandemia de Covid-19. Muitas vezes, no entanto, os usuários do sistema de saúde acabam perdendo o cartão de vacinação, sem saber como lidar com o problema. Mas será que isso pode interferir na continuidade das imunizações? É necessário refazer as vacinas? Como agir nessa situação?

Para abordar o tema, o Mania de Saúde ouviu o médico pediatra e infectologista Dr. Charbell Miguel Haddad Kury, responsável-técnico pelo Vacina Plinio Bacelar, que explica como garantir a continuidade da imunização. “Em primeiro lugar, a gente evita refazer vacinas e sempre orienta o paciente a buscar o local onde foi vacinado, a fim de levantar essas informações. Hoje, inclusive, temos diversos sistemas integrados ao Ministério da Saúde, como o Conecta SUS, que disponibiliza o histórico de vacinas online. No caso de bebês pequenos, por exemplo, as vacinas devem estar atualizadas nesse sistema. Para crianças maiores, acima de 10 anos, recomendamos que procurem o posto de saúde para verificar os registros ou, caso necessário, consultem a escola, que normalmente exige o cartão de vacinação no momento da matrícula”, disse.

Dr. Charbell Miguel Haddad Kury
Dr. Charbell Miguel Haddad Kury

Já para os adultos, como lembra Dr. Charbell, também é possível colher informações no Conecta SUS ou consultar o RH da empresa, já que muitas delas pedem o histórico de vacinas ao contratar o funcionário. “Porém, se não for possível acessar essas informações, é necessário ter cautela ao realizar a vacinação. Algumas vacinas podem ser reaplicadas com segurança, especialmente as vacinas inativadas, como tétano, gripe e Covid-19, mas é importante ter atenção com as vacinas vivas, como a febre amarela, que requer uma única dose ao longo da vida, acima dos 5 anos de idade, não sendo mais realizada de 10 em 10 anos. Também devemos ter duas doses na vida de sarampo, caxumba e rubéola, que é a vacina triviral. É necessário, portanto, ter cautela com a aplicação de doses repetidas dessas vacinas”, orientou.

O enfermeiro Leonardo Cordeiro
O enfermeiro Leonardo Cordeiro

O enfermeiro Leonardo Cordeiro, que também atua no Vacina Plinio Bacelar, comenta outros protocolos seguidos pela clínica. “Além de buscar o máximo de informações possível, seguimos alguns parâmetros de conduta. No caso das crianças, se não houver mesmo nenhum dado, a gente refaz o cartão da criança, administrando tudo o que a faixa etária dela permite, conforme o Programa Nacional de Imunizações (PNI). No caso dos adultos, existem alguns recursos, como o exame anti-HBs, que serve para mostrar se um indivíduo tem anticorpos contra o vírus da hepatite B. Quanto às vacinas de vírus vivo, não é recomendado ficar repetindo doses. Já as vacinas inativadas, quando há falta de histórico vacinal, consideramos a pessoa como não imunizada, sendo importante, por segurança, a gente indicar todas as vacinas que a faixa etária permite”.

Após esse processo, como alertam os profissionais, é fundamental manter o cartão de vacinação em dia, sobretudo pela possibilidade de surgirem novas doenças. “Isso é importante porque estamos frequentemente expostos a surtos e epidemias, como o surto de sarampo do ano retrasado, que foi controlado em 2024. Da mesma forma, a gente fica muito exposto à entrada de bactérias e vírus exóticos a todo o momento, sendo essencial termos um escudo de proteção contra a entrada desses patógenos. E, por fim, jamais podemos nos esquecer que a vacina é um pacto coletivo, onde todos se unem para se proteger. Não adianta se vacinar de forma isolada, porque o objetivo é proteger a comunidade – e todos devem fazer parte desse pacto em prol da saúde”.