Muito se falou, nos últimos anos, sobre a proliferação de notícias falsas no Brasil. Agora, no entanto, a falsificação parece ter ultrapassado os limites da desinformação digital para chegar às prateleiras de mercearias e supermercados em todo o país. Assim como as chamadas fake news distorcem a realidade e confundem o público, esses produtos enganam o consumidor ao serem vendidos como café, quando, na verdade, não passam de misturas com sabor artificial. O fenômeno tem gerado apreensão na indústria brasileira, especialmente agora, em que o preço do grão atinge níveis elevados nos supermercados.
O “café fake”, porém, é uma “clara e evidente tentativa de burlar e enganar o consumidor”, segundo ressaltou o diretor-executivo da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), Celírio Inácio da Silva, em entrevista à Reuters. Há poucas semanas, inclusive, a própria Abic detectou em Bauru, no interior de São Paulo, a comercialização de pó com sabor café, que é produzido a partir de cascas, palha, folhas, paus ou qualquer outra parte da planta, exceto a semente do grão.
Um dos grandes problemas desse tipo de produto, segundo o diretor da Abic, é a semelhança da embalagem com a do café tradicional, mesmo quando há uma indicação discreta no rótulo de que não se trata de café torrado e moído. Ainda assim, muitos consumidores podem ser enganados, seja por não lerem atentamente os rótulos dos produtos nas prateleiras, seja pelo apelo do preço mais baixo desse item.
A Abic, como informou a Reuters, denunciou o caso ao Ministério da Agricultura e à Anvisa, preocupada com o bem-estar dos consumidores e o impacto no mercado brasileiro. A entidade destacou que produtos sem autorização da Anvisa podem trazer riscos à saúde e fez um alerta importante ao setor de alimentos. “O supermercadista é corresponsável pelo produto que vende. Com essa possibilidade de oferecer produtos mais baratos ao consumidor, ele pode estar cometendo um crime”, disse Celírio.
Mudanças no chocolate também intrigam consumidores
Mas não foi só o café que gerou controvérsia entre os consumidores. Ainda nas redes sociais, diversos internautas vêm relatando, ao longo dos últimos meses, uma série de mudanças ocorridas no sabor de chocolates de marcas famosas no país, reclamando de produtos que parecem ter “sabor de parafina” ou que deixam uma sensação oleosa na boca.
A reformulação das receitas, muitas vezes para reduzir custos de produção, tem sido apontada como a principal causa desse problema. No Brasil, porém, o chocolate precisa ter ao menos 25% de cacau em sua composição para de fato ser considerado legítimo, sendo que muitos produtos hoje não alcançam essa porcentagem, sendo classificados apenas como gordura saborizada com chocolate.
Um dos influencers que mais tem auxiliado a desvendar os segredos da indústria, nesse sentido, é o Gastrólogo Davi Laranjeira (@davilaranjeira), que produz uma série de vídeos para internet, compartilhando seu conhecimento sobre alimentação saudável, ingredientes e processos de produção, ajudando os consumidores a fazer escolhas mais conscientes no mercado.
Apesar de produzir vídeos sobre os mais diversos assuntos do ramo alimentício, todos eles visam o mesmo resultado: fazer o consumidor ficar mais atento ao que consome, sabendo que a informação é a chave para resguardar a saúde.