Dar início a uma nova etapa escolar pode ser um grande desafio para muitas famílias, especialmente quando surgem dificuldades no processo de aprendizagem da criança. Nessas horas, porém, a neuropsicopedagogia oferece um suporte indispensável para o aluno, permitindo identificar dificuldades de aprendizagem, além de propor estratégias personalizadas para superá-las. É o que afirma, nesta entrevista, a neuropsicopedagoga Mª Graziella Amorim, proprietária do Espaço Amorin, que tem se destacado nesse tipo de atendimento na cidade.
Mania de Saúde – Como o acompanhamento neuropsicopedagógico pode beneficiar o desenvolvimento acadêmico e emocional de uma criança na escola?
Mª Graziella Amorim – O acompanhamento neuropsicopedagógico atua de forma integrada, a fim de identificar dificuldades e potencializar habilidades, proporcionando avanços tanto no aprendizado quanto no bem-estar emocional da criança. Primeiramente, há uma melhoria no desempenho acadêmico, com identificação das dificuldades de aprendizagem e aplicação de estratégias personalizadas, incluindo o desenvolvimento de habilidades cognitivas, como memória, atenção e raciocínio lógico, bem como a adaptação de métodos de ensino para que a criança aprenda de maneira mais eficaz, tendo um aprimoramento da organização e autonomia nos estudos.
Outro ponto é o desenvolvimento de estratégias para superar dificuldades, com técnicas específicas para melhorar a leitura, escrita e cálculos matemáticos, além de treinamento para aprimorar a concentração e evitar distrações, utilizando recursos lúdicos e tecnológicos que tornam o aprendizado mais motivador. Há ainda um impacto positivo no lado emocional, com aumento da autoestima e da confiança na capacidade de aprender, redução da ansiedade e do estresse, desenvolvimento de habilidades socioemocionais para lidar com frustrações e desafios, bem como maior motivação para participar das atividades escolares.
Por fim, observa-se uma melhoria na interação social, com o desenvolvimento de habilidades para se comunicar melhor com colegas e professores, redução de comportamentos agressivos ou de isolamento, aprendizado sobre regras e limites para facilitar a convivência escolar, além do fortalecimento da parceria escola-família, com orientação para pais e professores e acompanhamento contínuo para ajustes ao longo do ano letivo. Com esse suporte, a criança tem mais chances de superar dificuldades, desenvolver autonomia e aproveitar melhor as oportunidades de aprendizado, construindo um percurso acadêmico mais positivo e saudável.
Mania de Saúde – Quais equívocos os pais costumam cometer e como podem ser evitados?
Mª Graziella Amorim – Comparar a criança com outras. Isso pode desmotivá-la, pois cada uma tem seu ritmo de aprendizado. Minimizar ou ignorar as dificuldades, achando que a criança é apenas “preguiçosa” ou “desinteressada” quando, na verdade, pode estar enfrentando dificuldades reais. Adiar a busca por ajuda profissional esperando que o problema “se resolva com o tempo”, exigir perfeição, cobrar além do necessário e impor expectativas irreais pode gerar estresse e frustração na criança. Valorizar apenas boas notas, sem reconhecer o esforço, pode desestimular o aprendizado. Resolver todos os problemas pela criança impede que ela desenvolva autonomia. A criança precisa aprender a lidar com desafios e encontrar soluções por conta própria. Puni-la por notas baixas sem entender a raiz do problema pode gerar medo e bloqueios na aprendizagem, assim como superproteger e não permitir frustrações. Evitar que ela passe por dificuldades pode prejudicar o desenvolvimento emocional. A criança precisa aprender a lidar com erros e frustrações para crescer resiliente. Outro problema é não manter uma rotina de estudos, que ajuda no desenvolvimento da organização e do compromisso escolar.
Sinais que indicam a necessidade de apoio neuropsicopedagógico

A criança tem dificuldade em aprender letras, números ou conceitos básicos. Apresenta resistência exagerada para fazer tarefas escolares. Demora muito mais do que o esperado para concluir atividades. Mostra dificuldade para lembrar informações já ensinadas. Problemas na atenção e concentração. Distrai-se facilmente e tem dificuldade em manter o foco nas atividades. Pula de uma tarefa para outra sem concluir nenhuma. Esquece recados, compromissos ou materiais escolares com frequência. Frustra-se facilmente e desiste rapidamente de desafios. Demonstra ansiedade, medo excessivo ou resistência exagerada para ir à escola. Tem explosões emocionais frequentes ou mudanças bruscas de humor. Evita atividades que exijam esforço mental prolongado. Tem dificuldades para se expressar verbalmente ou organizar pensamentos. Não compreende bem instruções e enunciados de atividades. Apresenta trocas de letras ou omissões ao falar ou escrever. Dificuldade em segurar lápis, recortar com tesoura ou realizar atividades motoras finas. Movimentos desajeitados ou dificuldade em atividades esportivas. Tem dificuldade em fazer ou manter amizades. Apresenta comportamento agressivo ou retraído em interações sociais. Tem dificuldades para entender regras e combinados.