Sentir-se mais magro é, com certeza, o desejo da maioria das pessoas, especialmente nessa época, em que tantos buscam ficar com o corpo em dia para o verão. “Como perder peso em uma semana”, por exemplo, tornou-se uma das frases mais buscadas no Google, registrando alta de 110% nas pesquisas, segundo o Google Trends. Mas, por incrível que pareça, diminuir o peso na balança não significa, necessariamente, ter alcançado esse objetivo com sucesso. Pelo contrário: a falta de um tratamento adequado, sob orientação profissional, pode colocar sua saúde diretamente em risco. Ainda mais se lembrarmos que boa parte das pessoas não sabe a diferença entre emagrecer e perder peso, uma distinção sutil, mas fundamental para obter sucesso nessa empreitada, como conta, ao Mania de Saúde, o médico e professor Dr. Cláudio Cola.
Mania de Saúde – Qual diferenciação pode ser feita entre emagrecer e perder peso?
Dr. Cláudio Cola – De fato, há um detalhe que faz toda a diferença entre estes conceitos, o que normalmente aumenta muito o risco para quem não observa essa questão. É muito comum vermos pessoas que não fazem o acompanhamento do peso com profissionais habilitados, sendo frequente aquelas clássicas conclusões como “perdi muito pouco peso depois de tanto sacrifício” ou “estava perdendo peso bem e agora parou!”. Na verdade, o termo emagrecer vem do latim emacrēsco, que quer dizer “tornar-se magro”, o que significa “perder gordura”, ou seja, quando só pretende ou só o que se conseguiu é perder gordura, ocorre o emagrecimento, mas, por incrível que pareça, isso não é sinônimo de saúde. Com a instalação da obesidade, é óbvio que acontece o acúmulo de gordura, mas é preciso pensar em COMO perdê-la, lembrando que o tecido adiposo excessivo é nocivo, mas a gordura é a nossa reserva energética e “queimá-la muito rápido”, sem permitir que o metabolismo se reorganize e mantenha nossas reservas, apesar de trazer a sensação agradável de estar magro, pode provocar consequências bem mais graves, como perda da imunidade e envelhecimento precoce. Sem um tratamento que seja mais amplo e complexo, você queima sua gordura até o limite que o organismo permite para não correr risco de perder as reservas, o que explica uma perda rápida seguida de interrupção no valor numérico do peso ou até mesmo não haver perda nenhuma, mesmo com muito sacrifício. Na busca pela saúde o importante é, além de estar magro ou sem gordura, conseguir a real perda de peso, que significa de fato reduzir o valor real de quanto você pesa, o que não envolve só a gordura, mas os líquidos e a chamada massa magra.
Mania de Saúde – É possível atingir os dois objetivos ao mesmo tempo? Qual o caminho mais adequado?
Dr. Cláudio Cola – Sim, claro que é possível e hoje temos cada vez mais recursos comprovados cientificamente para nos auxiliarem nesse acompanhamento. Hoje é possível através de avaliações somativas e variadas de diversos índices metabólicos e de índices personalizados de composição corporal. Se você pensar que não é só a gordura corporal que precisa ser considerada, mas também a massa muscular, a massa óssea, a massa residual e, claro, a água corporal, será sempre necessário usar métodos variados que permitam fazer uma varredura e cobertura adequada dos resultados durante a perda de peso. É preciso ir devagar, controlar o stress físico, mental e metabólico, bloqueando a “ferrugem metabólica”, os chamados radicais livres, que “emperram” uma série de reações químicas e direcionam seu organismo para a fadiga, a sonolência, o edema, as dores ósseas e articulares, a ansiedade, a insônia, a perda de libido e o excesso de apetite. Sempre será fundamental avaliar além da bioimpedância porque também não é apenas controlar os seus percentuais de composição corporal, mas como está o ritmo de seu metabolismo, a sua permeabilidade intestinal, o nível dos principais neurotransmissores e muito, muito mais. Lembre-se de que o seu metabolismo não quer que você fique acima do peso e aceitará toda ajuda necessária para se desintoxicar, readequar, proteger e equilibrar recuperando o seu peso real normal, mas ele precisa de tempo, precisa de várias suplementações, vários pequenos ajustes químicos e muita paciência e resiliência sua para voltar às suas condições ideais e esse controle é passo a passo, amplo, complexo e não pode ser feito com um único método avaliativo mesmo que seja a bioimpedância mais sofisticada.
Mania de Saúde – Qual o maior erro que as pessoas cometem, na sua visão, ao tentar se sentirem mais magras?

Dr. Cláudio Cola – Na prática diária, com apoio da mídia, da comercialização indiscriminada de suplementos emagrecedores sem fiscalização e dietas da moda, o que se observa é uma busca desenfreada e irresponsável por perder peso e, como já explicamos, a única coisa que se consegue é “perder gordura” de forma agressiva e temporária, aumentando os riscos à saúde. Até quando veremos pessoas usando formulações mágicas, passando por restrições alimentares severas, submetendo o corpo à exaustão com exercícios não prazerosos, para poder entrar nas roupas e ver um número menor na balança por 2 ou 3 meses para, depois, “estourar o peso” novamente, quando o organismo exaurido tentar recuperar tudo aquilo que foi adequadamente perdido? O procedimento é se apoiar em profissionais habilitados, que pensem e avaliem o seu metabolismo com a complexidade e profundidade que ele merece e usem ferramentas avaliativas variadas, que identifiquem a sua individualidade e resposta ao tratamento.