O câncer de pele nunca esteve tanto em evidência quanto na atualidade. Mas não poderia ser diferente. Basta lembrar que, de acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), ele é o mais frequente no Brasil, registrando cerca de 180 mil novos casos a cada ano. Tamanha incidência levou a Sociedade Brasileira de Dermatologia a promover, desde 2014, o chamado Dezembro Laranja, iniciativa que faz parte da Campanha Nacional de Prevenção ao Câncer da Pele e busca conscientizar a população sobre a doença, bem como as principais formas de preveni-la.
Para abordar o assunto, o Mania de Saúde ouviu a médica dermatologista Dra. Juliana Miotto, integrante do corpo clínico do Hospital Geral ProntoCardio, que destacou a importância de combater a doença. “O câncer de pele é o tipo de doença mais incidente no Brasil, com cerca de 180 mil novos casos ao ano. Quando descoberto no início, tem mais de 90% de chances de cura. Trata-se de uma coisa séria e a conscientização deve começar na infância. São diferentes as suas causas, mas na maioria dos casos tem relação à exposição inadequada ao sol”, afirma.
Dra. Juliana explica como o problema se manifesta. “Nosso corpo recebe a radiação ultravioleta do sol o tempo todo, seja passeando na rua, dirigindo ou estando ao ar livre. A radiação ultravioleta é capaz inclusive de atravessar o vidro, por exemplo. Devemos sempre nos proteger mesmo dentro de casa e não apenas quando vamos à praia, como infelizmente a maioria das pessoas acreditam”, destaca a médica, ressaltando outras características da doença. “As pessoas de pele clara, olhos claros, possuem maior propensão a ter câncer de pele, mas essa doença pode acometer qualquer pessoa, desde a pele mais clara até a mais escura. Também tem maior chance aquelas com queimadura solar na infância, idosos e histórico familiar positivo, quando algum familiar já teve câncer de pele”.
Segundo a dermatologista, o câncer de pele surge como lesões que lembram pequenas pintas. Por isso é fundamental conhecermos nosso corpo para identificar o mais precocemente o surgimento de uma nova lesão. “Pedirmos ajuda a alguém próximo para avaliar locais do nosso corpo que não alcançamos com a nossa visão também é muito importante. Devemos ficar atentos quando a lesão apresenta mudança de cor, bordas irregulares, aumento de tamanho, surgimento de sintomas como sangramento, feridas que não cicatrizam ou que coçam. A regra do ABCDE é uma ferramenta que facilita o paciente nessa identificação. A: assimetria / B: borda irregular / C: cor com mais de dois tons / D: dimensão, tamanho / E: evolução (crescimento, mudança da cor, surgimento de sintomas). Qualquer um desses sinais alterados deve levar o paciente a procurar o quanto antes o médico dermatologista”, ressaltou Dra. Juliana.
Ela destaca algumas dicas que valem para todos os dias, inclusive os chuvosos. “Uso de filtro solar sempre com reaplicação ao longo do dia; proteção do corpo com chapéus, camisetas e óculos escuros; evitar exposição solar no horário entre 10h e 16h; observação da sua pele e identificação precoce caso haja mudança de alguma pinta ou mancha; fazer acompanhamento no mínimo anual com seu dermatologista. Infelizmente, muitas pessoas ainda não dão a devida importância a sua pele e não praticam medidas tão básicas como uso de filtro solar durante o ano, deixando seu uso apenas nos períodos de férias e verão. Prevenir-se, essa é a tarefa mais importante”, alerta Dra. Juliana. “O uso diário de protetor solar, além de prevenir o câncer, retarda o envelhecimento da pele, evita o aparecimento de manchas, evita acne solar, melhora a textura da pele e evita queimaduras. Os filtros solares nas crianças e bebês são permitidos a partir de 6 meses de idade. São várias as medidas de proteção contra os raios UVs e elas são fundamentais. Esse cuidado deve ser uma rotina diária. O Câncer de Pele não pode ser menosprezado. O diagnóstico e tratamento precoce salvam vidas! Curta o sol, mas proteja a sua pele. Prevenir é um ato de amor”.