
O Transtorno Opositivo-Desafiador (TOD) é um exemplo constante ou recorrente do comportamento que viola os direitos dos outros ou as principais normas e regras próprias para a idade. Por exemplo: A criança pedir alguma coisa do desejo dela e você, como responsável, diz “não”. Essa resposta, que pode gerar uma reação agressiva, chantagem emocional, ao ponto do pai ou mãe cederem, principalmente se estiverem em lugares públicos ou com pessoas por perto, vai além de uma simples birra. Esse comportamento da criança ou do adolescente não deve ser confundido com um simples caso de desobediência ou ato mal-educado.
Nossa reportagem conversou com a psicóloga Elisabete Corá, que fala mais sobre esse transtorno. “O diagnóstico é pela história do paciente. Os sintomas do TOD podem surgir em qualquer momento da vida, mas é mais comum entre os 6 e 12 anos. Alguns profissionais e literaturas já informam de 8 a 12 anos. Depende também do desenvolvimento cognitivo de cada um. Podem estar associados com TDAH (transtorno de déficit de atenção) ou outros transtornos neuropsiquiátricos. O TOD configura uma interferência no comportamento da criança em forma de irritabilidade, excessos de raiva e indisciplina, agressividade, desobediência em geral, hostilidade com outras pessoas, intolerância a frustrações, não gostar de receber ordem, dificuldade em lidar com as emoções. O ambiente familiar costuma ser conturbado, com pais que divergem quanto à maneira de educar e conduzir seu filho(a), ressaltando exceções. A melhor maneira é buscar estabelecer um acordo com parâmetros; mas evidências mostram que existem fatores genéticos e neurofisiológicos predispondo o seu desenvolvimento, um indicador de problemas de base que podem precisar, no futuro, de investigação e tratamento”.
Elisabete destaca ainda os sintomas. “Frequentes acessos de raiva, desafio e recusa em realizar pedidos de adultos ou qualquer autoridade, obedecer qualquer tipo de regras, deliberada tentativa de irritar ou perturbar as pessoas, podendo implicar com as pessoas ou mesmo responsabilizá-las por seus erros ou mau comportamento, se aborrece com facilidade e comumente apresenta-se enraivecimento, ressentimento, mostrando-se com rancor e ideias de vingança, agressividade contra colegas, dificuldade em manter amizades e problemas escolares. As causas podem ser uma combinação de genética e de ambiente, falta ou excesso de fiscalização, inconsistência ou disciplina severa, abuso, negligência, desequilíbrio de substâncias do cérebro como a serotonina. Além disso, o TOD pode ser e/ou estar relacionado com outras questões comportamentais e pode proceder ao desenvolvimento do transtorno de conduta, uso abusivo de drogas, entre outros. O tratamento desta condição é multidisciplinar e depende de três eixos: medicação, psicoterapia comportamental e suporte escolar. A avaliação pelos profissionais junto com avaliação escolar, emitida pela escola por uma psicopedagoga ou pedagoga e psicóloga escolar. As devolutivas dos profissionais envolvidos na escola são feitas através de laudos, médico, psicológico, psicopedagógico, neuropsicológico. Esses laudos respaldam o aluno no âmbito escolar, para que tenham uma atenção especial, por isso a importância do trabalho com interação dos profissionais, o que nem sempre é realizado. É uma tarefa de inclusão social e escolar dessa criança/adolescente. O tratamento é feito com psiquiatra, psicoterapia individual associada a psicoterapias dos pais e responsáveis. Ocasionalmente podem ser usados fármacos para reduzir a irritabilidade, dependendo da avaliação médica de um psiquiatra ou neuropediatra”.