Artigo antigo mas ainda atual

E a pandemia mostrou que o quadro que eu já tinha traçado há meses passados quando do artigo intitulado “Sem Gestores e Sem Saída”, referindo-me ao Estado Rio de Janeiro, é uma realidade ainda hoje. Parte da citada matéria dizia:

“Que quadro trágico se tornou o Estado do Rio de Janeiro. Tudo nesta terra caminhou em direção contrária do que o cidadão espera de uma administração pública, seja na área de saúde, seja educação, seja transporte. Isso sem falar na violência, onde não se tem nem uma luz ao fim do túnel, sendo certo que se de um lado o crime organizado assumiu as cidades com o tráfico de drogas, de outro lado o desvio e corrupção alastrou-se entre os governantes eleitos.

A verdade é que há muito tempo não temos “gestores públicos”, ou seja, pessoas que programem e equacionem as finanças dentro de um orçamento real, procedimento comum a todo chefe de família. Tivemos sempre “pagadores públicos”, ou seja, tivemos os “pague-se” e depois vamos ver de onde iremos arranjar a receita. Mesmo na situação atual por que passa o Estado do Rio de Janeiro, a falsa solução é sempre de imediatismo e nunca de programação.”

Agora, a situação restou caótica. Os nossos hospitais públicos, sucateados, abandonados, sem manutenção e sem investimentos, passaram a ser, de hora para outra, ponto vital para salvar vidas, não duas nem dez, mas centenas e centenas. Mais uma vez a ausência de gestão mostra-se presente. O isolamento parcial seria, tão só, para permitir ao Estado se preparar para o momento pior, para o pico da doença. Este preparo não apareceu. Os testes nunca chegaram, os respiradores nunca vieram e os hospitais emergenciais ficaram só na conversa.

E por pior, o assalto aos cofres públicos ganhou nova vida, já existindo investigações sobre uso indevido de dinheiro que deveria ser destinado ao combate do vírus e que foi desviado em contratos fraudulentos.

Na nossa cidade o ponto de gestão é exatamente igual. Totalmente inoperante. Os hospitais já estavam ao léu, esquecidos e agora a situação pior ficou. Não existe hospital equipado para acolher todos os doentes, não existe um programa eficaz de combate ao Covid-19 e muito menos um plano de recuperação efetivo para o pós pandemia. A cidade, antes abandonada, agora torna-se moribunda.

Triste destino o nosso e do Estado do Rio de Janeiro.