O mês de julho chegou e na segunda quinzena desse mês a criançada entra em férias escolares. Me diga, você já sabe o que vai fazer com o seu filho nesse período?
Pelo que tenho ouvido de algumas mães dos coleguinhas da Sophya, alguns vão ficar pela cidade por conta dos pais não poderem tirar o mesmo período de folga ou férias, outros já planejaram uma pequena viagem, algumas crianças vão para a casa dos avós, como antigamente, lembra? Independentemente do que iremos fazer, “precisamos” entreter as nossas crianças. Será?
Dias atrás ouvi um podcast que entrevistava a neuropsicanalista Andréa Vermont, que tem feito muito sucesso no Tik Tok e no Instagram, onde ela dizia que “a criança que não se frustra será o adulto que vai ‘matar’ a namorada ou namorado quando o relacionamento acabar, por não ter aprendido a se frustrar e a lidar com o sentimento de rejeição”. Calma, calma, estou aqui resumindo em uma única frase, pois o que ela quis dizer é pesado, mas vamos refletir juntos.
Você deixa o seu filho se frustrar? A lidar com o tédio sem distrações? É muito fácil a gente deixar os celulares nas mãos das crianças, nos facilita a vida, não é mesmo? Talvez nós, adultos, não saibamos lidar com a insistência das crianças (e olha que elas são mestres nisso) e acabamos cedendo, mesmo sabendo lá no fundo que não é saudável, mas a gente também está viciado nessa bomba dopaminérgica.
Vamos nos ater aos mecanismos de recompensa e motivação gerados pelo celular e as redes sociais: o sistema dopaminérgico desempenha um papel importante no processamento de recompensas, o que pode influenciar a motivação e o comportamento, se tornando um círculo vicioso que parece inofensivo, mas você já experimentou ficar 3 dias sem o seu celular? Tá, 1 dia?
Quando eu era criança até a minha adolescência, muitas das vezes que minha mãe contrariava minhas investidas insistentes, eu chorava de raiva e a raiva aumentava quando ela dizia: “Isso dói mais em mim do que em você!”. Fala sério, que adolescente vai acreditar nisso diante da dor infinita de ser frustrado no mundinho dele?
Por aqui comecei a perceber um certo improviso e procrastinação da dona Sophya relativo às obrigações escolares e responsabilidades em casa, sempre deixando tudo para a última hora, fazendo de qualquer jeito, etc… Confesso que fui deixando o tempo passar porque as notas dela se mantinham acima da média, mas essa situação foi me irritando e eu costumo pensar muito antes de tomar uma decisão. Penso em vários momentos de humor para me certificar que é a decisão mais assertiva possível no que tange à educação, integridade física e bem-estar da minha pequena, então decidi, limitei o celular dela a 2 horas diárias e sob supervisão.
Uma dica para pais e mães, assistam alguns vídeos da neuropsicanalista, é cada pedrada na nossa cabeça que eu vou te contar. Mas voltando à fala da minha mãe, eu entendi o que ela queria dizer com “dói mais em mim do que em você”, a verdade é que as contestações duraram menos de 24 horas. Isso mesmo!
Ela me perguntava nos dias seguintes: “Ai que tédio, não tem nada para fazer, o que eu faço?”. Confesso que estava doendo mesmo em mim, mas me mantive firme na decisão e respondi: Aprenda a não fazer nada, aprenda a ouvir a você mesma, vai ler um livro, pega a bicicleta e vai andar pelo condomínio, vai estudar, vai arrumar a sua mochila para amanhã, vai descer o cesto de roupas sujas para a lavanderia, etc. etc. etc.
E, como num passe de mágica, a mocinha começou a fazer praticamente tudo que falei. Pediu para ir à livraria para comprar livros e hoje vejo-a lendo pela casa, acorda cedo para pedalar comigo, já se prontificou a caminhar também, interage mais, conversa, pede para ajudar.
O que eu quis dizer com tudo isso? Que para as nossas crianças é muito mais fácil do que imaginamos qualquer tipo de mudança, afinal, ela só conhece a parte da história que você conta e precisa ser norteada.
Pense nisso e boas férias!