Ao dar um exemplo, em aula com a palavra “type” que há 35 anos era traduzida, apenas, como “datilografar”, e devido ao advento do computador, também é traduzido como “digitar”, eu e o aluno nos demos conta de como coisas que nós fizemos em nossa juventude como, por exemplo, curso de datilografia, no meu caso, e curso de informática, no caso dele, não são mais feitos pelos nossos filhos, pois eles já nasceram numa geração que parece saber lidar com tecnologia desde o berço. Qual foi então a inspiração para trazer a conversa para esta coluna? A linguagem.
Junto com essas evoluções tecnológicas, também veio uma grande perda de conexão entre gerações, é comum ver os mais velhos tentando se comunicar com os jovens e serem taxados de ultrapassados, e ao ouvir a crítica dos mesmos, quem viveu uma geração de livros, nem se quer entende o vocabulário da crítica da geração de telas. A minha questão não é avaliar linguagem, mas eu perdi o timing dessa transição. Por lidar mais com o Inglês, não notei a mudança do Português, pontualmente talvez, pois sempre prezei pela boa linguagem na criação dos meus filhos, afinal como eles iriam ler livros que eu li se o Português deles fosse diferente do que eu aprendi?
O ponto é, comecei a refletir sobre como o Inglês resistiu, pois o Inglês não sofreu essas mudanças fundamentais, digo isso pois o mesmo Inglês que ensino é o que aprendi. Isso talvez explique por que eles conseguem ler Shakespeare nas escolas primárias americanas e nós não conseguimos ler Camões nem nas faculdades. Na prática, estamos perdendo contato com tudo que nos trouxe até aqui, e a tendência é piorar. Isso é muito triste.
Eu espero que, através do ensino do Inglês, preservemos nossa História, uma vez que o professor traz para seu aluno essa consciência do quanto é necessário manter o nosso idioma nativo para não perdemos a conexão com nossa identidade, afinal speak English é bom, mas falar um bom Português é ainda melhor.