Março é um mês mais do que simbólico para as mulheres, sendo um momento para reconhecer e celebrar suas conquistas na vida pessoal e profissional. Mas também é um período para reforçar a atenção com a saúde, especialmente pela alta incidência do câncer na atualidade. Por isso, entidades médicas de todo o mundo promovem a campanha Março Lilás, a fim de conscientizar as mulheres sobre a prevenção do câncer do colo do útero, que é o terceiro tipo de câncer mais incidente entre elas, segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA).
Ao longo do mês, diversas instituições de saúde realizam eventos para a comunidade, fornecendo orientações sobre prevenção, consultas, exames e tratamentos, incluindo procedimentos cirúrgicos, quimioterápicos e radioterápicos. As ações acontecem de formas distintas em cada cidade, mas sempre com o mesmo objetivo: reduzir o número de mortes por câncer de colo do útero, reforçando a prevenção desde cedo.
Afinal, como alerta o INCA, pelo menos 6 mil brasileiras morrem anualmente em decorrência da doença. O órgão também estimou 17.010 novos casos para cada ano do triênio 2023-2025, o que representa uma taxa bruta de 15,38 ocorrências a cada 100 mil mulheres. Felizmente, no entanto, o câncer de colo do útero é passível de prevenção, já que a maior parte dos casos decorre da infecção persistente pelo Papilomavírus Humano – HPV, sendo a vacinação a melhor estratégia para evitar a doença.
As instituições de saúde costumam aproveitar a oportunidade para enfatizar também a importância dos cuidados com os cânceres ginecológicos de forma geral, abordando não apenas o câncer de colo do útero, mas também os de endométrio e ovário, que estão entre os 10 tipos mais comuns entre as mulheres. É nesse contexto que a oncoginecologia se destaca, tornando-se uma grande aliada da saúde feminina ao reunir diferentes estratégias para favorecer o diagnóstico, tratamento e prevenção dessas doenças.
“A oncoginecologia é uma área voltada para o câncer feminino, atuando desde o diagnóstico até o tratamento cirúrgico dos mais diferentes tipos de tumores, incluindo mama, ovário, vulva, útero, entre outros. Isso envolve anos de treinamento intensivo de técnicas cirúrgicas importantes para melhor atender às mulheres, que acabam se sentindo mais confortáveis com esse tipo de atendimento”, destacou, ao Mania de Saúde, a médica cirurgiã oncológica Dra. Meire Cardoso da Mota Bastos.
Graduada em Medicina pela Faculdade de Medicina de Campos (FMC), com formação em Cirurgia Geral pelo Hospital Escola Álvaro Alvim (HEAA) e em Cirurgia Oncológica pela AFECC-Hospital Santa Rita de Cássia-ES, ela passou por grandes centros de oncoginecologia no país, sendo a primeira profissional mulher a ter esse tipo de especialização na região. Hoje integrante da equipe médica da Clínica Santa Maria, ela ressalta o trabalho em conjunto com outros profissionais. “Atendemos diversos perfis de pacientes, indo desde lesões pré-cancerígenas até casos mais complexos. É um leque de atuação muito amplo, que envolve diferentes profissionais, mas sempre trazendo um olhar diferenciado para a saúde da mulher como um todo”, frisou.
No mês em que se discute o câncer feminino, Dra. Meire Cardoso deixa um recado importante para as mulheres. “É fundamental enaltecer o autocuidado e estar sempre fazendo o exame preventivo ginecológico, incluindo o rastreamento do câncer de mama, para identificar alterações e intervir precocemente. Isso aumenta as chances de cura, além de promover uma melhor qualidade de vida à paciente, que é sempre o objetivo maior de nossa atuação”.