Muitos problemas de saúde enfrentam preconceito e desconhecimento por boa parte da população. Um deles é a incontinência urinária. Segundo dados do Ministério da Saúde, cerca de 45% das mulheres e 15% dos homens acima de 40 anos sofrem desse problema, que afeta aproximadamente 10 milhões de brasileiros todos os dias – e mesmo convivendo diariamente com a incontinência, muitos deles normalizam os sintomas, desconhecendo a necessidade de orientação e tratamento adequados.
Por isso, nos últimos anos, a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) tem intensificado as ações em torno do Dia Mundial da Incontinência Urinária, celebrado em 14 de março, com diversas ações de saúde realizadas pelo país e, também, pelas redes sociais. A ideia é ressaltar a necessidade de acompanhamento profissional, já que a perda involuntária de urina, mesmo em pequenos volumes, não é considerada normal em nenhuma idade, contrariando a ideia equivocada de que é um processo típico do envelhecimento ou do pós-gestação.
Um público-alvo importante da campanha, inclusive, são pacientes que tiveram câncer de próstata e se submeteram à prostatectomia, que é o procedimento cirúrgico destinado à remoção total ou parcial da próstata. Isso porque muitos desses indivíduos sofrem com incontinência urinária e disfunção erétil após o procedimento, sem saber que eles podem ser melhorados por meio da fisioterapia pélvica, que ajuda a recuperar a função da musculatura responsável pelo controle urinário e sexual.
Para se ter uma ideia, um estudo publicado pela revista International Journal of Environmental Research and Public Health demonstrou que a fisioterapia pélvica é capaz de proporcionar alguma melhora em 85% dos quadros de incontinência urinária após cirurgia de próstata, chamando a atenção do público para esse tipo de abordagem. Isso reflete o quanto a fisioterapia pélvica vem se tornando relevante para a incontinência urinária e outras condições de saúde, destacando o papel do urologista e do fisioterapeuta no tratamento adequado.
“A fisioterapia pélvica masculina, também conhecida como fisioterapia urológica, está cada vez mais em evidência em nosso contexto de saúde e tem como objetivo tratar ou prevenir disfunções relacionadas ao assoalho pélvico, disfunções estas que podem estar relacionadas a procedimentos cirúrgicos (prostatectomia radical), que acarretam problemas como incontinência urinária e disfunção erétil”, afirmou, ao Mania de Saúde, o fisioterapeuta Carlos Frederico Figueiredo Barbosa, que atua na FisioClínica e se especializou na área.
Segundo ele, a fisioterapia urológica também desempenha um importante papel em problemas como fibroses teciduais, distúrbios da ejaculação, dispareunia (dor durante a relação), entre outros, contribuindo para a melhora de diversos pacientes em seu processo de tratamento, especialmente quando atendidos de forma precoce. “A adesão, sem dúvimandas, é o maior desafio para o tratamento dessas disfunções. Mas aquele que inicia a reabilitação o quanto antes possui maior chance de sucesso do que aqueles que não aderem ou demoram a iniciar”, ressaltou o especialista.
Se você sofre com esses distúrbios, ou possui algum familiar que se enquadre nessa situação, não ignore o problema. Consulte o seu médico e discuta as melhores abordagens para o seu caso. Com os avanços na medicina e na fisioterapia, há opções eficazes para controle da incontinência. Buscar orientação profissional é o primeiro passo para retomar o seu bem-estar.