Você tem SOP?

SOP

A Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP) é um tema muito comum entre as mulheres, mas será que todas estão bem informadas sobre essa condição de saúde? Para desvendar todos os detalhes sobre essa doença, tão presente no universo feminino, o Mania de Saúde ouviu a médica ginecologista e obstetra Dra. Rachel Tavares, que é especializada em ginecologia endócrina, infertilidade, reprodução humana, gestação de alto risco e ultrassonografia.

Com vasta experiência na área, ela descreve como identificar corretamente o distúrbio. “Um dos sintomas mais comuns da Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP) é a irregularidade menstrual. Ela pode se manifestar como oligomenorreia, que são intervalos longos entre as menstruações, frequentemente superiores a 35 dias, ou como amenorreia, que é a ausência de menstruação. Outra característica importante da SOP é a presença de hormônios masculinos elevados, conhecidos como androgênios. Essa elevação pode ser diagnosticada por exames laboratoriais ou por manifestações clínicas, incluindo a acne e o aparecimento de pelos com padrões masculinos, especialmente em regiões como face, pelve e virilha. Mas existe também uma alteração ultrassonográfica, caracterizada pela presença de 20 ou mais folículos pequenos em cada ovário. Isso explica por que o diagnóstico de SOP requer a confirmação de pelo menos dois desses sintomas. Ter apenas um sintoma não é suficiente para fechar o diagnóstico. Além disso, é preciso excluir outras causas de menstruação irregular e excesso de hormônios masculinos, a fim de garantir uma avaliação mais adequada do caso”, ressalta a médica.

Dra. Rachel Tavares
A médica ginecologista e obstetra Dra. Rachel Tavares

A falta de obediência a esses critérios, segundo Dra. Rachel, faz com que muitas mulheres recebam erroneamente o diagnóstico de SOP, gerando assim um superdiagnóstico. “É importante diagnosticar corretamente devido aos múltiplos efeitos dessa doença. Afinal, a SOP está associada à resistência insulínica aumentada, à hiperglicemia, ao aumento do risco de diabetes tipo 2, obesidade, sobrepeso, hipertensão, doenças cardiovasculares, entre outros problemas. É uma doença com várias repercussões nos sistemas metabólico, endócrino e cardiovascular, ressaltando assim a importância do devido tratamento”, alerta a especialista.

Ela lembra que a SOP também pode impactar a fertilidade e dificultar a gravidez, além de aumentar o risco de diabetes, hipertensão e pré-eclâmpsia em mulheres que engravidam sem tratamento adequado. “Por isso é crucial buscar o auxílio do ginecologista e adotar mudanças no estilo de vida, incluindo alimentação saudável, exercícios regulares e controle de peso, que são fundamentais para o tratamento”, conta Dra. Rachel. “Para as mulheres que não planejam engravidar, contraceptivos hormonais podem ser usados para regular a menstruação, embora apenas corrijam a irregularidade menstrual, sem tratar a doença. Para aquelas que desejam engravidar, são recomendados indutores de ovulação. Além disso, medicamentos para diminuir a resistência à insulina também são parte do protocolo de tratamento”, acrescentou.

Outro cuidado importante, de acordo com Dra. Rachel, diz respeito às pacientes mais jovens. “Deve-se ter atenção com as meninas porque, durante a adolescência, podem surgir alterações ultrassonográficas sem que elas necessariamente tenham a síndrome. Além disso, não podemos diagnosticar uma paciente logo no início da menstruação apenas com base em folículos visíveis na ultrassonografia, pois a avaliação pelos critérios ultrassonográficos só é válida após oito anos da primeira menstruação”, diz a médica. “É preciso ter muito critério nessas avaliações para evitar diagnósticos precipitados e garantir uma abordagem individualizada e cuidadosa para cada paciente, visando sempre o seu bem-estar integral”.