Será que eu tenho Síndrome do Intestino Irritável?

Karla Lourenço - Síndrome do Intestino Irritável
A médica gastroenterologista Dra. Karla Glaysia Azeredo Lo

A Síndrome do Intestino Irritável (SII) é um distúrbio funcional, ou seja, não são observadas alterações orgânicas, mas as funções do intestino se acham alteradas, principalmente a motilidade do intestino grosso. É importante o estabelecimento correto do diagnóstico e tratamento porque a SII pode levar a um considerável prejuízo na qualidade de vida e na atividade social dos pacientes.

É o que afirma a médica gastroenterologista Dra. Karla Glaysia Azeredo Lourenço. “Como distúrbio crônico, a SII se caracteriza por dor e/ou desconforto abdominal associados com a evacuação ou alterações no hábito intestinal, como diarreia e/ou prisão de ventre, com prevalência de 10% a 15% da população. A dor ou desconforto abdominal aparece uma ou mais vezes por semana e é necessário algum tempo de efetiva presença de sintomas para que os dados clínicos permitam o estabelecimento do diagnóstico correto. Em geral, a primeira consulta costuma ocorrer na faixa dos 30 aos 50 anos, afetando mais comumente o sexo feminino e indivíduos com menos de 50 anos”, disse.

Segundo a médica, os desencadeantes da SII (“fatores fisiopatológicos”) têm natureza psicológica (como estresse, depressão) e física (como infecção intestinal prévia). No aspecto psicológico, chama atenção particularmente a associação entre os sintomas da SII e o estresse, depressão e, eventualmente, a coexistência de condições psiquiátricas. “Vale assinalar que tem sido observado cada vez mais o papel da microbiota intestinal (‘flora intestinal’), que pode se achar alterada nesse distúrbio. O diagnóstico é feito por critérios clínicos estabelecidos internacionalmente, chamados critérios de Roma IV, que avaliam alterações na interação cérebro-intestino”, explicou.

Sendo assim, é importante o diagnóstico diferencial com outras enfermidades, principalmente orgânicas, como ressalta Dra. Karla. “Na SII é característica a ocorrência prolongada de dor abdominal frequente, recorrente, relacionada à evacuação intestinal (diarreia e/ou prisão de ventre) e alteração no aspecto das fezes. Algumas vezes a dor pode se apresentar de forma mais branda, como desconforto abdominal. O diagnóstico é estabelecido pelo médico gastroenterologista baseado fundamentalmente na história clínica do paciente. São analisados o tempo de ocorrência dos sintomas como dor, distensão, desconforto abdominal e sensação de estufamento, além da alteração do hábito intestinal. É importante considerar as comorbidades de natureza psicológica que podem contribuir para o desenvolvimento da SII como depressão, ansiedade e estresse. Às vezes, podem ser necessários exames complementares para descartar a associação com outros distúrbios, como SIBO (supercrescimento de bactérias no intestino delgado) ou intolerâncias alimentares. O tratamento deve ser sempre individualizado para cada paciente, envolvendo dieta apropriada (onde são evitados determinados alimentos desencadeantes) e possíveis mudanças no estilo de vida (como atividade física, lazer, psicoterapia etc.). Os medicamentos e suplementos serão prescritos avaliando-se caso a caso”.