Será que você sabe exatamente o que é um “produto natural”? Segundo o FDA, seria aquele onde não foi acrescentado cor, sabores artificiais ou substâncias sintéticas. E, nesse grupo, estariam os suplementos alimentares, fitoterápicos e alguns cosméticos, que precisam ter a sua composição previamente analisada e confirmada para poder ser comercializados. Mas o que seria, então, um suplemento alimentar?
De acordo com a ANVISA, suplementos alimentares, assim como fitoterápicos e alguns cosméticos, são ditos “produtos naturais”, mas não são medicamentos, não servem para tratar, prevenir ou curar doenças e, por isso, são destinados apenas a pessoas saudáveis, o que não é totalmente correto, já que, se a proposta é suplementar, ou seja, “suprir aquilo que falta”, então não seria para os saudáveis, assim como, se vai repor algo que falta, então serve sim para tratar, prevenir e curar doenças.
Se não bastassem tantas dúvidas conceituais, existem outras mais importantes, que são aquelas relacionadas à ciência do metabolismo, que são: o que pode ser suplementado? Como pode ser suplementado? Quando ser suplementado? Qual é a dose e duração desta suplementação? Que riscos essa suplementação pode trazer? Sim, ainda que seja de fato natural e possa suprir o que falta, há sempre o risco do excesso, do exagero, da overdose.
Quem nos faz esses alertas é o médico e professor Dr. Cláudio Cola. “As mídias sociais, que nunca filtraram nenhuma informação, sempre veicularam livremente textos, propagandas e vídeos vendendo estes produtos sem que a fonte e os registros fossem adequadamente anunciados. Em tempos recentes foi confirmado que ‘médicos’ que anunciam alguns destes produtos nunca foram médicos e sim atores contratados para esse fim. Como se não bastasse, hoje, em tempos de inteligência artificial, até ‘roubam’ a imagem de alguns cientistas e colocam em suas bocas esses anúncios na tentativa de aumentar a credibilidade do produto. A lista é extensa: compostos emagrecedores, frutas que limpam o fígado, probióticos que eliminam barriga, ‘ozempic de pobre’, assim como é vasta a lista de empresas que se valem da desinformação para enganar e lucrar”, disse.
É importante reconhecer, no entanto, que nem o consumidor, tampouco um influenciador digital, possui o embasamento técnico necessário para responder, com precisão e responsabilidade, às questões acima mencionadas, como lembra Dr. Cláudio Cola. “Todo o cuidado é pouco, porque o metabolismo tem aspectos individualizados, e o que serviu para alguém, pode ser muito maléfico para você. Como já disse o médico e físico suíço-alemão Paracelso, no século XVI: ‘A diferença entre o remédio e o veneno está na dose’. Já está claro então como este é um termo controverso e até mesmo o órgão regulador destes produtos trabalha com uma definição inadequada, o que gera insegurança e desconhecimento e faz proliferar no mundo e se enraizar na sociedade uma rede mundial de comércio baseada em falácias e inverdades, arrecadando milhões, nutrindo expectativas infundadas e, o que é pior, até causando óbitos”.
Dr. Cláudio enfatiza, assim, a forma correta de lidar com a questão. “O primeiro passo é fazer um exame completo, identificar necessidades, adequar sua rotina alimentar e física, valorizar seu sono, intensificar suas horas de descanso e, diante do seu perfil de necessidade, com a indicação de um médico ou nutricionista, passar a usar um produto seguro e eficaz, pelo tempo adequado e na dose necessária. Não venda sua saúde. Não compre sonhos. Não alimente golpistas. Seja consciente”.
