Infecções respiratórias preocupam gestantes

Infecções respiratórias
A médica ginecologista e obstetra Dra. Rachel Tavares

As infecções respiratórias sempre estiveram presentes em nosso cotidiano, mas, recentemente, têm despertado uma preocupação maior entre os brasileiros. Basta observar o Boletim InfoGripe, divulgado pela Fiocruz no início de junho, que apontou um crescimento expressivo de internações por Síndrome Respiratória Aguda (SRAG) no país. Segundo a entidade, o número quase dobrou em relação ao mesmo período do ano passado, sendo a influenza A e o Vírus Sincicial Respiratório (VSR) os principais responsáveis por esse crescimento.

Além de atingir pessoas de diferentes faixas etárias, o fenômeno também preocupa devido aos riscos associados às gestantes, que sofrem diversas alterações fisiológicas na gravidez e podem tornar-se mais vulneráveis às infecções respiratórias, exigindo um cuidado redobrado durante o pré-natal. Para abordar o assunto, o Mania de Saúde ouviu a médica ginecologista e obstetra Dra. Rachel Tavares, que revelou como os quadros respiratórios podem impactar a vida da mãe e do bebê nesse período.

“Como a imunidade da gestante fica mais baixa, infecções respiratórias como gripe ou pneumonia – que, em outras pessoas, costumam ser tratadas ambulatorialmente – muitas vezes exigem internação. Isso porque elas evoluem para um quadro respiratório mais grave e de forma muito mais rápida. É comum, então, que essas gestantes precisem ficar internadas e façam uso de antibióticos, o que aumenta o risco de parto prematuro, complicações pulmonares e até infecção generalizada devido à baixa imunidade. Com o organismo mais fragilizado, também ficam mais suscetíveis a outras infecções”, alertou a especialista, lembrando que, para o bebê, além do parto prematuro, as infecções respiratórias podem acarretar peso baixo ao nascer e crescimento restrito intraútero, reforçando assim a necessidade de cuidado.

Infecções respiratóriasAlém da importância de seguir as recomendações gerais, como evitar o contato com pessoas gripadas, não permanecer em ambientes fechados ou com aglomeração, usar máscara e higienizar sempre as mãos com álcool em gel, existe outra medida que as gestantes não podem ignorar: a vacinação. “É muito importante tomar as vacinas durante a gravidez. Quando o profissional indica um determinado imunizante, é porque há estudos comprovando sua eficácia e segurança na gestação. Logo, ele pode – e deve – ser aplicado. Um exemplo é a vacina contra a gripe e, mais recentemente, a vacina contra a bronquiolite, que ajudam a diminuir o risco de infecção e casos graves. As vacinas são seguras e não podem ser ignoradas”, alerta Dra. Rachel.

Outra medida essencial, segundo a médica, é evitar a automedicação. “Além da importância de não tomar remédios por conta própria, é necessário ir ao pronto atendimento em casos de infecção, dificuldade para respirar ou tosse persistente. Muitas vezes, a gestante acha que é só uma gripe e se automedica, mas pode ser uma infecção mais grave, que vai evoluindo justamente porque não procurou atendimento logo no início. Além da vacinação, portanto, é fundamental não se automedicar e ir ao médico logo que surgirem sintomas como tosse ou resfriado, a fim de realizar o devido tratamento”.

Infecções respiratóriasJá se a gestante estiver com alguma infecção respiratória, isso não contraindica a amamentação, como lembra a especialista. “Ela vai amamentar o bebê e cuidar dele normalmente. O que a gestante precisa é tomar alguns cuidados, como usar máscara e higienizar bem as mãos antes de manusear o recém-nascido. E, o principal, restringir a quantidade de visitas ao bebê. Afinal, ele ainda não tem todos os anticorpos e pode ser contaminado mesmo por alguém que nem apresenta sintomas visíveis, mas já está transmitindo o vírus. Daí a importância de reforçar o papel das vacinas, como a da bronquiolite, aplicada no terceiro trimestre da gestação, que transmite anticorpos pela placenta e também pelo aleitamento materno, ajudando a proteger o bebê desse tipo de infecção”.