Adolescentes e métodos anticoncepcionais

Psicóloga Noísa RangelDiálogo é fundamental durante esta etapa da vida

O Projeto Adolescentes Mães, liderado pelo Hospital Moinhos de Vento, por meio do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (Proadi-SUS) do Ministério da Saúde, coletou dados de 1.177 mulheres provenientes de cinco regiões do país e concluiu que 20% dessas mulheres adolescentes afirmaram não ter conhecimento sobre métodos para evitar a gravidez.

Dados como esse revelam a importância da família em fornecer orientação sobre saúde reprodutiva, garantindo que adolescentes tenham acesso a informações adequadas e, assim, possam tomar decisões conscientes sobre sua saúde. Ao perceber a entrada dos filhos na puberdade, é essencial que os pais busquem compreendê-los, fortalecendo o vínculo afetivo e familiar. Estabelecer um ambiente de confiança favorece a proximidade entre pais e filhos na adolescência e promove o diálogo. Muitas vezes, por exemplo, os pais têm dificuldade em lidar com a sexualidade dos filhos, exigindo a revisão de preconceitos e estereótipos, bem como a compreensão das diferenças de ideias. O crescimento dos filhos pode gerar conflitos e tensões familiares, e os profissionais de saúde devem estar qualificados para compreender as necessidades da jovem e da família, oferecendo o suporte adequado.

Adolescentes e métodos anticoncepcionaisEm recente entrevista ao Mania de Saúde, a psicóloga Noísa Rangel falou sobre como lidar com a descoberta da sexualidade. “A sexualidade faz parte da vida. Por volta dos 3 anos de idade, as crianças já começam a ter curiosidade pelos seus órgãos genitais, a tocá-los e perceber que dá algum prazer. Em seguida, também descobrem as diferenças entre menino e menina. As crianças podem ter curiosidade sobre o próprio corpo e de outros, onde começam a explorar a sexualidade. Algumas crianças descobrem o toque seguido da masturbação, o que está dentro da normalidade. O comportamento de curiosidade e autodescoberta infantil é espontâneo, e surgem perguntas consideradas constrangedoras para os pais. A sexualidade infantil é considerada normal e saudável, a não ser que tenham sido abusadas sexualmente. A criança que sofreu abuso mostra um comportamento diferenciado. A fase da puberdade é um período de mudanças biológicas, fisiológicas e psicológicas, onde o corpo começa a mudar, e a atenção se volta para o corpo, muitas dúvidas e curiosidades começam a aparecer. E, na adolescência, acontece uma exacerbação da libido e a busca por parceiros sexuais”.

A psicoterapia, como lembra Noísa Rangel, pode auxiliar no esclarecimento e orientação aos pais, bem como ajudar a criança/adolescente no processo de desenvolvimento, no autoconhecimento, acolhimento e expressão das emoções. “A educação sexual é fundamental tanto nas famílias quanto nas escolas, pois é fundamental que se obtenha informações de confiança para o processo da sexualidade”.