O amigão não fica em pé?

Urologista - O amigão não fica em pé?Urologista discute um dos tabus masculinos

A disfunção erétil é um tema cercado de dúvidas e, muitas vezes, tabu para muitos homens. Para esclarecer as principais causas, tratamentos e a importância de buscar ajuda médica, conversamos com o Dr. Bernardo Puglia, médico urologista especializado em Infertilidade Masculina, com pós-graduação em Reprodução Humana e Infertilidade Conjugal. Nesta entrevista, ele revela os fatores que podem afetar a ereção e como é possível recuperar a qualidade de vida e a saúde sexual. Confira!

Mania de Saúde – Quais são as causas mais comuns que levam um homem a ter dificuldade em manter a ereção?

Dr. Bernardo Puglia – Existem várias causas que podem levar um homem a desenvolver disfunção erétil e podemos dividi-las de maneira didática entre causas orgânicas e psicológicas. Do ponto de vista orgânico, podemos destacar doenças como diabetes e hipertensão, uso de medicações, deficiência de testosterona, assim como hábitos ruins como tabagismo, alcoolismo e sedentarismo. Dentre os problemas psicológicos potencialmente prejudiciais à saúde sexual masculina, podemos destacar a ansiedade, depressão e problemas relacionados ao relacionamento.

Mania de Saúde – De que maneira fatores como idade, estresse e hábitos de vida influenciam na saúde sexual masculina?

Dr. Bernardo Puglia – A incidência de doenças sistêmicas com potencial prejuízo à circulação sanguínea aumenta à medida que o homem envelhece. Condições como diabetes, hipertensão e aumento de colesterol tornam-se mais comuns no idoso e podem prejudicar o sistema cardiovascular. O pênis precisa manter uma circulação sanguínea adequada para se encher de sangue durante a ereção. Sabe-se que saúde sexual e reprodutiva são marcadores de saúde, sendo assim, manter bons hábitos como boa alimentação, controle de estresse, controle de tabagismo, controle rigoroso de doenças crônicas, suporte quanto à saúde mental e prática de atividade física regular são importantes para o indivíduo e com consequente preservação de todos os elementos necessários para a atividade sexual satisfatória.

Mania de Saúde – Quais tratamentos (sejam eles medicamentosos ou terapias) você considera mais eficazes para lidar com a disfunção erétil?

Dr. Bernardo Puglia – Existem algumas alternativas para o tratamento da disfunção erétil, que dependem de cada caso. Se a causa primária da disfunção for psicogênica, o tratamento passará por suporte psicoterápico com um psicólogo/sexólogo. Para as causas orgânicas, precisamos pensar em 3 linhas de tratamento: a primeira é com medicação oral. Existem vários remédios disponíveis no mercado, cada um com suas particularidades, que devem ser levadas em consideração pelo médico na hora da prescrição. No tratamento de segunda linha, oferecemos ao paciente a terapia intracavernosa, ou seja, o paciente poderá lançar mão de uma medicação aplicada diretamente no pênis, cerca de 10 a 15 minutos antes da relação sexual, para promover a ereção. Essa aplicação acontece com a ajuda de seringa tipo as de insulina ou canetas de aplicação como as utilizadas para perda de peso. No tratamento de terceira linha, oferecemos ao paciente o tratamento definitivo para a disfunção erétil com implante cirúrgico de prótese peniana. Temos à disposição no mercado implantes maleáveis e infláveis, que têm como objetivo promover sustentação axial para penetração, que antes era desempenhada pelos corpos cavernosos quando saudáveis.

Mania de Saúde – Existe uma relação direta entre saúde mental e dificuldades de ereção? Como o emocional pode afetar esse problema?

Dr. Bernardo Puglia – Sem sombra de dúvidas, sim. As causas psicogênicas como causa primária de disfunção erétil são comuns sobretudo em pacientes jovens, podendo também estar presentes em pacientes com mais idade. Os mecanismos pelos quais um paciente pode apresentar disfunção erétil de causa psicogênica podem ser diversos e complexos, mas um exemplo bastante comum é quando o paciente sofre com a chamada Ansiedade de Performance. Existe uma preocupação excessiva quanto a sua performance sexual, preocupação excessiva com a impressão passada para parceria, que é refletida pelo indivíduo como insegurança, tensão e medo, que metabolicamente reflete em uma descarga de adrenalina, levando a uma falha da resposta erétil.

Mania de Saúde – Que dicas você daria para os homens que estão enfrentando essa dificuldade, mas ainda têm receio de procurar ajuda médica?

Dr. Bernardo Puglia – Culturalmente, nós, homens, temos dificuldades em encarar os cuidados com saúde da maneira adequada. Quando o assunto é saúde sexual e reprodutiva, o tabu é ainda maior. Os prejuízos verificados nas artérias cavernosas e nos nervos do pênis que levam a dificuldade para ter uma ereção satisfatória também acontecem em todo o corpo. Por esse motivo, o paciente que inicia um quadro de disfunção erétil pode ter mais chances de sofrer um infarto do miocárdio ou um acidente vascular encefálico. O homem precisa ter em mente que a resposta sexual é um reflexo da saúde global. Se algo não está indo bem, precisa ser investigado e tratado para trazer de volta o bem-estar biopsicossocial que a sexualidade traz, bem como evitar prejuízos ainda maiores relacionados à saúde cardiovascular. Outra dica importante é quanto à automedicação tão comum nesse tema. Apesar de seguros, os remédios podem ter efeitos adversos e, por vezes, interação com outros remédios, com repercussão grave, necessitando da prescrição de um profissional capacitado.