Será que você tem mau hálito?

Karla Rosa
A médica gastroenterologista Dra. Karla Lourenço

Halitose pode indicar problemas de saúde

A halitose, conhecida popularmente como mau hálito, é um problema que afeta cerca de um terço da população mundial. No Brasil, estima-se que 50 milhões de pessoas convivam com essa condição, segundo a Associação Brasileira de Halitose. Embora muitas vezes negligenciado, o mau hálito pode ser um sinal de desequilíbrio no organismo e merece atenção.

De acordo com a médica gastroenterologista Dra. Karla Lourenço, a halitose não é considerada uma doença, mas pode indicar problemas de saúde subjacentes. “Ela pode denunciar que algo não está bem no organismo, como doenças gastrointestinais, periodontais ou até mesmo condições sistêmicas como diabetes”, explica.

O mau hálito é caracterizado por um odor desagradável exalado pela boca. Uma particularidade da condição é que, devido à chamada fadiga olfatória, o próprio paciente não percebe o odor, sendo geralmente alertado por pessoas próximas. “Esse problema pode gerar impactos profundos na vida pessoal, como isolamento social e dificuldades nos relacionamentos interpessoais, além de comprometer a saúde emocional”, destaca a especialista.

A principal causa do mau hálito encontra-se na cavidade oral, sendo a saburra lingual – uma camada esbranquiçada ou amarelada na superfície da língua – a maior responsável. Outras causas incluem cáries, doenças periodontais, amigdalites e, em menor escala, condições gastrointestinais. Entre estas, destacam-se gastrite, doença do refluxo gastroesofágico, presença de Helicobacter pylori e até câncer gástrico. Além disso, alterações na microbiota intestinal podem estar associadas ao desequilíbrio da microbiota oral, contribuindo para o problema.

“O tratamento eficaz exige um diagnóstico preciso e muitas vezes requer uma abordagem multidisciplinar, envolvendo dentistas, médicos e outros profissionais de saúde”, ressalta Dra. Karla. Ela também enfatiza a importância de avaliar fatores associados, como alterações na alimentação, deficiências nutricionais e condições médicas preexistentes.

A identificação e o tratamento adequados de cada causa são essenciais para garantir uma solução eficaz e devolver qualidade de vida aos pacientes. “A halitose vai além de um problema fisiológico; ela afeta profundamente a autoestima e as relações pessoais. Por isso, é fundamental procurar ajuda especializada”, conclui a gastroenterologista.