Sózinho no Dia dos Namorados?

Descubra como lidar com a sensação de solidão neste período

A solidão pode ser um dos principais fatores que fazem com que as pessoas se isolem, ou pode ser uma consequência direta deste isolamento. A solidão também varia de pessoa para pessoa: muitas vezes, podemos estar em convívio com o meio social, mas não nos sentirmos conectados ou pertencentes àquele grupo, e assim nos sentimos sós. As experiências vividas também podem ser determinantes para uma maior vulnerabilidade à solidão. O Dia dos Namorados, por exemplo, é uma data bastante significativa e especial para muitos casais. No entanto, para algumas pessoas solteiras, este dia pode trazer sentimentos negativos, como a solidão e a frustração. É o que afirma Dra. Fernanda Cruz, médica especializada em psiquiatria clínica e integrativa. “A pressão social pode gerar autocobrança e fazer a pessoa acreditar que só estará completa e feliz se estiver numa relação estável. Entretanto é fundamental não só aprender a desfrutar e estar confortável com a própria companhia, como também saber ter referências sobre o tipo de relacionamento que você deseja ter e a pessoa que você escolherá para caminhar ao seu lado, entendendo os seus valores e as suas prioridades”, disse. Mas como os solteiros podem, então, lidar com esse sentimento? “Acho que a principal dica para os solteiros é se aproximar das atividades do seu interesse, algo que lhe dê prazer, satisfação e bem-estar, como, por exemplo, estar na companhia de amigos e familiares, assistir um filme, ler um livro… pois quando nos relacionamos com coisas que nos proporcionam prazer e alegria se torna mais fácil lidar com as adversidades, superando melhor os obstáculos”. Ainda de acordo com Dra. Fernanda, o isolamento social e a solidão são agora considerados problemas globais de saúde pública. “A solidão mata como uma doença e tem um efeito cascata de produzir mais doenças, estando associada a maiores taxas de depressão e suicídio, bem como a comportamentos e hábitos inter-relacionados que levam a uma pior saúde, estando mais propensos a fumar, beber álcool e fazer escolhas alimentares ruins. Em termos de saúde mental, existem os transtornos de ansiedade social, de personalidade e depressão, que podem surgir com um sentimento de solidão, de não pertencimento. Quem se isola demais ainda pode piorar traços da personalidade. É necessário mais foco na solidão, juntamente com terapias para lidar com seus impactos na saúde. Não existe pílula ou poção mágica para curar a solidão, mas existem estratégias que podem minimizar os danos que ela pode causar”. As redes sociais, como frisa Dra. Fernanda, podem fortalecer relacionamentos, permitir conexões à distância, se reconectar com pessoas que não vemos há anos e muitas vezes, sim, auxiliar pessoas que estejam em um processo de isolamento social. Mas também podem nos fazer sentir mais sozinhos, pois fatores como a comparação e idealização de uma vida “perfeita” apresentada nas redes a todo momento pode gerar sentimentos de ansiedade e baixa autoestima, muitas vezes fazendo a pessoa não se sentir capaz, não fazendo parte ou não se encontrando naquela ‘realidade’. “Outro fator essencial na nossa felicidade são as relações sociais, a presença física, o toque, as expressões faciais e o olhar, que são necessários para as conexões humanas, o desenvolvimento das relações, o fortalecimento e construção das nossas experiências e emoções. Os familiares e amigos têm uma grande importância no olhar comportamental, na percepção da solidão e do isolamento social, e até na busca por ajuda profissional quando notada a possível presença de algum transtorno que pode estar prejudicando a vida da pessoa. Amizades verdadeiras podem fornecer apoio emocional valioso, promover a resiliência mental e ser fundamental na prevenção de transtornos mentais e manutenção da saúde mental”, finaliza.