O mês de fevereiro terminou mais triste para a cultura do Norte e do Noroeste Fluminense. Isso porque, no dia 24, faleceu a poetisa, escritora e entusiasta das letras, Flora Malta Carpi, que há décadas abrilhantou a cultura itaperunense com seus livros e seu incentivo às artes em geral.
Nascida no dia 18/08/1926, em Sumidouro/RJ, Dona Flora era a caçula de uma família de nove irmãos. Dona de um temperamento afável, alegre e comunicativo, ela desenvolveu cedo o gosto pelas letras e, claro, pela escrita, que se refletia em sua participação em eventos escolares e religiosos. Sua história em Itaperuna começou no ano de 1946, após casar-se com o médico Dr. Alberto Carlos Carpi, que era natural de Friburgo, mas decidiu fixar-se em Itaperuna, a convite de um amigo.
Em entrevista ao Mania de Saúde, em 2011, ela relembrou um pouco esse começo na cidade. “Era um tempo em que a medicina ainda não era tão avançada como é hoje. Naquela época, poucos médicos moravam aqui. O Alberto trabalhava muito e logo começou a chamar a atenção pelo humanismo e pelo empenho que tinha como médico. Ele era cirurgião e salvou muitas pessoas. Isso numa época em que não tínhamos estradas nem meios que possibilitassem o deslocamento de pacientes”, contou a poetisa, sempre afetuosa ao lembrar de Dr. Alberto, com quem teve seus três filhos, Carlos Alberto Carpi, Heloísa Malta Carpi e Euclides Malta Carpi.
Foi nesse contexto que Dona Flora pôde acompanhar todo o desenvolvimento da medicina em Itaperuna – e do próprio município – ao longo da segunda metade do século XX, a partir da chegada de novos profissionais, novos serviços médicos, além de escolas, faculdades, empresas e demais empreendimentos que fizeram Itaperuna se modernizar e tornar-se uma referência ainda maior para todo o Noroeste Fluminense.
A paixão pelo município, claro, logo rendeu frutos, fazendo Dona Flora participar de diversos eventos culturais em Itaperuna e região, a exemplo dos concursos de poesia promovidos pela então Faculdade de Filosofia de Itaperuna, bem como nas escolas e faculdades locais. Entre as instituições das quais era assídua, está a Academia Itaperunense de Letras, que ela ajudou a fundar e da qual era grande entusiasta, sempre incentivando a realização de eventos e a proximidade do público para com a entidade, cujos membros lamentaram a perda da escritora.
Foi na literatura, aliás, que Dona Flora tornou-se ainda mais conhecida, tendo publicado vários livros de poesia e de prosa, onde esbanjava seu talento em poemas e em crônicas, sempre com grande sensibilidade, mas sem abrir mão do bom humor que lhe era característico. Tornou-se comum, inclusive, seus lançamentos serem noticiados pelo Mania de Saúde, que era um dos veículos preferidos de Dona Flora enquanto leitora.
Mas não poderia ser diferente. Basta lembrar que foi ela uma das principais responsáveis pelo surgimento da edição do Mania de Saúde voltada para o Noroeste Fluminense, como ela mesma lembrou à nossa reportagem, em 2014. “Lembro-me de quando o Sylvio Muniz levou o projeto do Mania de Saúde para apresentá-lo ao meu marido. Eu gostei muito. Na época, meu filho, Euclides, era presidente da Unimed em Itaperuna. Ele ficou considerando a proposta, mas meu marido logo falou: ‘acredita, meu filho, que vai dar certo’. Desde então, o Mania de Saúde se tornou a nossa grande referência, transformando, para melhor, o nosso jornalismo, pois ele é lido por multidões”, disse a escritora à época. A notícia do falecimento de Flora Malta Carpi, como não poderia deixar de ser, despertou uma grande comoção em familiares, amigos e leitores, que manifestaram nas redes sociais o pesar pelo falecimento da escritora. Desejando a todos os nossos mais sinceros pêsames, o Mania de Saúde presta essa singela homenagem a uma de nossas principais leitoras, que, sem dúvidas, estará sempre presente em nossa memória.