Urinar com dificuldade não é normal!

Dr. João Ernesto fala sobre Hiperplasia Prostática e explica como os homens devem se cuidar

Urinar com difi culdadeDa mesma forma que as mulheres sofrem diversas alterações fisiológicas com o avançar da idade, fazendo com que a maioria delas esteja sempre indo ao ginecologista, infelizmente não se pode dizer o mesmo dos homens. Boa parte deles continua procurando o médico apenas em caso de grande necessidade. Ir ao urologista, no entanto, deixou de ser apenas uma opção e se tornou uma necessidade para os homens no processo de envelhecimento, principalmente devido a algumas condições que afetam a qualidade de vida e podem estar associadas a problemas graves, como o câncer de próstata. Um exemplo claro dessa realidade é a Hiperplasia Prostática, que, mesmo benigna, pode impactar diretamente a saúde e o bem-estar masculino.

Quem nos fala sobre o assunto é o médico urologista Dr. João Ernesto Aldred Pinto Filho. “A Hiperplasia Prostática Benigna é muito comum em homens acima dos 50 anos, sendo caracterizada pelo aumento natural da próstata. Isso pode levar a diversos sintomas clínicos que indicam a necessidade de avaliação com o urologista. Um deles é a dificuldade de urinar ou de manter o fluxo urinário em estado normal, com pacientes relatando ter um jato fraco ou interrompido. Já outros sentem necessidade de urinar com mais frequência, especialmente à noite, sofrendo o que chamamos de noctúria. Às vezes também ocorre a sensação de esvaziamento incompleto da bexiga, em que o indivíduo vai ao banheiro, mas não consegue esvaziá-la na totalidade. Em outros casos, a urgência em urinar pode levar a uma incontinência urinária, que afeta a qualidade de vida do paciente, já que ele deixa de realizar viagens ou mesmo sair de casa por medo do problema. Mesmo que esses sintomas sejam comuns na Hiperplasia Prostática, eles podem estar relacionados ao câncer de próstata. Daí a necessidade de procurar o urologista diante de qualquer alteração no trato urinário”, alerta Dr. João Ernesto.

Urinar com difi culdadeSegundo ele, o diagnóstico é feito com avaliação clínica, exames laboratoriais e de imagem, visando não só identificar o aumento da próstata, mas também descartar outras doenças, como o câncer. “A investigação inclui toque retal, que permite verificar o tamanho, o formato e a consistência da próstata, bem como dosagem do PSA, que ajuda a detectar alterações na glândula. Também podemos lançar mão dos exames de imagem, como ultrassonografia, para dimensionar o tamanho da próstata e avaliar eventuais alterações da bexiga e do canal urinário. Já a Urofluxometria é outro exame importante, pois verifica o fluxo urinário e detecta obstruções decorrentes do aumento da próstata. Há também o exame de urina, mais simples, que ajuda a descartar infecções ou alterações no trato urinário. Mas outro método hoje bastante utilizado, sobretudo pelas coberturas dos planos de saúde, é a ressonância magnética, que permite uma avaliação detalhada da próstata e dos órgãos adjacentes, além de identificar áreas suspeitas ou de alta suspeição para o câncer”, relatou.

Especialista em cirurgia urológica reconstrutora, com vasta experiência na área, Dr. João Ernesto conta, por fim, como é feito o tratamento. “A Hiperplasia Prostática envolve uma gama de tratamentos, já que tudo é individualizado de acordo com o paciente. Nesse sentido, utilizamos desde medicações orais até tratamentos cirúrgicos transuretrais, realizados por via minimamente invasiva para tratar a glândula. Um deles é a Ressecção Transuretral da Próstata (RTU), que as pessoas conhecem como ‘raspagem da próstata’. Mas existem tratamentos com energias a laser, como a vaporização da próstata, que é feita com o GreenLight. Outro método é o HoLEP, que também utiliza energia a laser, fazendo a enucleação endoscópica da próstata. Uma técnica recente, que nossa equipe é a única a realizar na cidade, é o Rezum. Nesse método, também acessado pela uretra, aplicam-se injeções térmicas de água através de uma microagulha, gerando uma lesão controlada que, com o tempo, reduz o tamanho da próstata. Além disso, existem as cirurgias robóticas, que permitem a remoção do adenoma prostático utilizando robô, estando também disponível na cidade. E, por fim, há a técnica aberta, em que se realiza um pequeno corte abdominal, semelhante a uma cesariana, para retirar o adenoma, que é o miolo da próstata. O importante é avaliar cada caso individualmente, observando todo o histórico do indivíduo para, em seguida, determinar a melhor abordagem”.