Andropausa não precisa ser um tabu

AndropausaA chamada “andropausa”, termo popularmente usado para descrever o declínio hormonal masculino, refere-se corretamente à Deficiência Androgênica do Envelhecimento Masculino (DAEM), uma condição marcada pela redução lenta e progressiva da testosterona em homens a partir dos 40 anos. Na realidade, ao contrário da menopausa feminina — que ocorre de forma rápida e abrupta — a DAEM se caracteriza por um declínio gradual dos níveis hormonais, estimado em cerca de 1% ao ano. Essa redução contínua vai se acumulando ao longo do tempo, resultando em alterações físicas e emocionais discretas, mas impactantes para muitos homens.

Um levantamento da Sociedade Brasileira de Urologia revela que 57% dos homens desconhecem a existência da andropausa. Essa falta de conscientização agrava o problema, pois os sintomas — como fadiga, alterações de humor, redução da libido, disfunção erétil, perda de massa muscular e aumento de gordura corporal — tendem a ser interpretados como simples cansaço ou parte natural do envelhecimento.

Conceitualmente, a DAEM afeta cerca de 20% dos homens a partir dos 40 anos, manifestando-se de forma mais evidente com o avanço da idade. Isso inclui alterações como osteoporose, dificuldade de concentração, irritabilidade, perda de pelos corporais e até sintomas depressivos. O diagnóstico depende da avaliação clínica por urologista, incluindo histórico completo e exames laboratoriais (testosterona total e livre, além de prolactina ou SHBG), além de outros exames complementares quando necessário. Existem questionários reconhecidos — como ADAM ou escala de sintomas — que auxiliam na identificação dos sinais.

Quanto ao tratamento, a terapia de reposição hormonal com testosterona pode trazer benefícios reais: recuperação da massa muscular, melhora da densidade óssea, maior libido, melhora do humor, desempenho sexual e até da cognição. No entanto, essa reposição deve ser indicada com cautela, apenas quando os níveis hormonais forem comprovadamente baixos (abaixo de 300 ng/dL), e sempre sob acompanhamento médico rigoroso, sobretudo devido a possíveis efeitos adversos como hipertensão, apneia do sono, alterações prostáticas, ginecomastia e riscos cardiovasculares.

Adotar hábitos saudáveis desempenha papel essencial na manutenção dos níveis hormonais e na redução dos sintomas: prática regular de exercícios, alimentação equilibrada, redução de álcool e tabaco, controle do estresse e estilo de vida ativo são peças-chave nesse contexto.