Dra. Rachel Tavares explica tudo o que você precisa saber sobre o uso de anticoncepcionais
Uma das cenas mais marcantes na vida de toda mãe de menina diz respeito à primeira menstruação, não é mesmo? É o momento em que a união entre mãe e filha se torna ainda mais evidente, fazendo com que, no futuro, haja espaço para conversas sobre saúde íntima e uso de anticoncepcionais. É justamente nessas ocasiões que se percebe a importância de ir ao ginecologista, já que algumas mulheres acabam tomando o mesmo anticoncepcional da mãe ou, muitas vezes, fazendo uso prolongado de outro medicamento, mas sem passar por revisões. Qual seria, então, a forma certa de usar o anticoncepcional para garantir eficácia e segurança?
Para responder à pergunta, o Mania de Saúde entrevistou a médica ginecologista e obstetra Dra. Rachel Tavares, especializada em ginecologia endócrina, infertilidade, reprodução humana, gestação de alto risco, ultrassonografia e ultrassonografia 3D/4D. Ela inicia já fazendo um alerta fundamental: a necessidade de individualizar o uso do medicamento para cada paciente. “Os anticoncepcionais orais são os métodos mais utilizados para quem deseja evitar gestação não planejada, sendo bastante eficazes e seguros. Hoje existem várias formulações de anticoncepcional, tanto em dosagem quanto em tipo de hormônio, justamente para que possamos fazer a escolha mais adequada para o objetivo de cada paciente, a fim de reduzir efeitos colaterais e garantir o melhor resultado”, disse.
A palavra “objetivo”, aliás, ganha um significado importante quando se fala nessa classe de medicamentos, como lembra Dra. Rachel. “Os anticoncepcionais não funcionam apenas como método contraceptivo. Eles também podem ser utilizados para controlar sintomas de algumas doenças, como endometriose e adenomiose, ajudam no controle da cólica e do fluxo menstrual, contribuem para a regularização da menstruação em algumas situações e podem melhorar sintomas da TPM, bem como as enxaquecas que precedem a menstruação”, explica a médica. “O anticoncepcional pode ser utilizado por pacientes com síndrome do ovário policístico para aliviar sintomas e regularizar a menstruação, além de apresentar benefícios na perimenopausa, quando ajuda a equilibrar o ciclo menstrual, reduzindo os sintomas do climatério. Por isso existem vários tipos de anticoncepcionais, com variações na dose e na composição hormonal, permitindo escolher o método mais adequado para cada paciente e situação”, esclarece Dra. Rachel.
Existe contraindicação?
De acordo com a ginecologista, muitas pessoas têm medo de usar anticoncepcionais orais por conta de doenças como trombose, mas, mesmo nesses casos, há opções específicas e seguras, que não aumentam o risco para a paciente. “Existem, sim, algumas contraindicações, mas cada caso precisa ser avaliado para confirmar se realmente há alguma restrição. Se um anticoncepcional específico não for indicado para aquela paciente, outra formulação pode ser segura. Por isso a avaliação é tão importante”.
Quais os efeitos adversos?
Como toda medicação, os anticoncepcionais orais podem trazer efeitos adversos, incluindo enjoo, vômito, dor de cabeça e alteração hepática, que geralmente surgem no início do uso e tendem a melhorar à medida que a paciente se adapta ao método. “Daí a importância do anticoncepcional ser sempre prescrito pelo ginecologista, que vai indicar a formulação mais adequada e orientar sobre efeitos colaterais caso apareçam. Nem todas as pacientes, por exemplo, apresentam esses sintomas. Quando eles ocorrem, é necessário verificar se realmente estão relacionados ao anticoncepcional ou não”.
O medicamento afeta a libido?
Assim como qualquer medicamento hormonal, os anticoncepcionais orais podem acabar afetando a libido. Mas esse efeito varia conforme a formulação. Alguns casos podem até favorecer o desejo sexual, como acontece quando as pacientes se sentem mais seguras em relação à gravidez. “A libido feminina, porém, não depende apenas de hormônios”, alerta Dra. Rachel. “Existem muitos fatores envolvidos nesse processo e precisam ser avaliados. Lembrando que hoje existem diferentes formulações de anticoncepcional, com características específicas, reforçando assim a individualização do atendimento”.
Contracepção é importante na perimenopausa?
Dra. Rachel explica que mulheres na perimenopausa, fase do climatério marcada por irregularidades menstruais, ainda podem engravidar, o que ressalta a importância do uso de anticoncepcional. “E, para essas pacientes, existem formulações específicas, com tipos e doses hormonais diferenciadas, capazes de regularizar o ciclo, garantir a contracepção e ainda aliviar os sintomas do climatério, como alterações de humor e ondas de calor. O importante é não descuidar e estar sempre fazendo uma consulta com o ginecologista, a fim de preservar a saúde e garantir um maior bem-estar”.
