Não é de hoje que falar em jejum intermitente causa arrepios em uns e euforia em outros. Essa prática, tão difundida nos últimos anos, é bem antiga, pois a própria história bíblica traz relatos de pessoas que praticaram jejum. É bem verdade que, nesse tempo, o jejum era realizado apenas como ritual de santificação. Hoje, no entanto, ele é propagado pelas redes sociais, atraindo um número cada vez maior de adeptos.
Por isso, é importante ouvir quem é especialista em saúde para entender o assunto, a fim de evitar cair em desinformação. Nossa reportagem conversou com a nutricionista Dra. Viviane Barreto sobre o tema. “Atualmente, além de ser praticado com objetivos espirituais, o jejum tem ganhado muitos adeptos por conta dos benefícios à saúde. Vários estudos têm comprovado sua eficácia e um grande número de profissionais vem utilizando o jejum como estratégia terapêutica no tratamento de uma série de doenças, fazendo com que os resultados sejam os mais variados, tais como: perda de peso, diminuição da resistência à insulina, redução da produção de radicais livres, redução de marcadores inflamatórios, melhora do perfil lipídico, entre outros. O jejum como ferramenta para perda de peso funciona da seguinte forma: no período da janela fechada, onde não há ingestão de alimentos, o organismo utiliza e esgota as reservas de glicogênio, e passa a queimar gordura para obter energia. Isso acontece porque não há disponibilidade imediata de carboidratos da alimentação, obrigando o organismo a utilizar suas reservas de gordura como fonte de energia, levando assim à perda de peso”, contou.

Apesar dos resultados positivos, no entanto, é preciso ter cautela. Quando feito sem orientação adequada, o jejum pode trazer riscos para a saúde, pois nem todas as pessoas estão aptas a jejuar, como lembra a nutricionista. “Pessoas com transtornos alimentares, crianças, adolescentes, gestantes e portadores de doenças crônicas são considerados grupos de risco quando se trata de jejum sem acompanhamento adequado. Entre os riscos à saúde temos: hipoglicemia – pessoas que fazem uso de hipoglicemiantes ao ficarem muito tempo sem comer podem ter desmaios; perda de massa muscular – na falta da energia advinda dos alimentos pode haver catabolismo de massa magra para geração de glicose; deficiência de vitaminas e minerais – quando a ingestão alimentar é muito baixa pode faltar quantidades necessárias desses nutrientes; disfunção intestinal – que pode ser causada pela baixa ingestão de fibras na alimentação; alteração de humor e baixo rendimento – pessoas que ficam longos períodos de jejum costumam ficar mais irritadas, indispostas e ter baixa produtividade. E, por fim, a compulsão alimentar, já que pessoas com transtornos alimentares podem gerar gatilho para compulsão quando fazem jejum por muito tempo”, alerta a nutricionista.
Ela finaliza deixando um recado importante para os leitores. “O que precisa ficar claro é que o jejum intermitente tem sim o seu valor e pode ser utilizado como uma ótima ferramenta para tratamento de várias doenças, desde que feito com acompanhamento de um profissional que vai avaliar se o paciente está apto para fazer o jejum e quais protocolos são os mais indicados para cada indivíduo”.
