
A cirurgia bariátrica já se tornou, há muitos anos, uma das principais alternativas para combater a obesidade, buscando proporcionar uma melhor qualidade de vida ao paciente. De acordo com estatísticas da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM), por exemplo, o número de cirurgias feitas pelos planos de saúde no Brasil cresceu 150% entre 2011 e 2023. No setor privado, o número de procedimentos já superou o patamar pré-pandemia: enquanto em 2019 foram realizadas 3.263 cirurgias, em 2023 esse número chegou a 3.830.
Embora a cirurgia bariátrica traga benefícios significativos ao paciente, diminuindo o risco de doenças como diabetes e hipertensão, ela também envolve uma série de desafios no pós-operatório, como a adaptação à nova rotina alimentar e o acompanhamento nutricional mais rigoroso. Além disso, o emagrecimento rápido geralmente resulta em um excesso de pele, fazendo com que muitos pacientes necessitem de uma cirurgia plástica pós-bariátrica para alcançar melhores resultados. Mas como funciona esse processo? Qual a hora certa de fazê-la?
Quem nos traz a resposta é a cirurgiã-plástica Dra. Érika Guerra. “Normalmente, pacientes que passaram pela cirurgia bariátrica são candidatos à cirurgia plástica reparadora, sendo encaminhados pelos próprios cirurgiões responsáveis pelo procedimento. O ideal é que essa cirurgia seja realizada cerca de dois anos após a bariátrica, período no qual o peso tende a se estabilizar. Isso porque é comum o paciente sofrer algumas oscilações durante o processo de emagrecimento, pois são muitas etapas a serem cumpridas. Após esse período, no entanto, o peso se estabiliza, o que favorece a realização da cirurgia plástica”, disse.
Entre os procedimentos mais demandados pelos pacientes, segundo Dra. Érika, estão a abdominoplastia e a mamoplastia, além do lifting de coxas e de braços. Mas, como ressalta a cirurgiã, essas intervenções não têm um objetivo puramente estético: o foco principal é sempre a saúde do paciente, garantindo seu bem-estar físico em primeiro lugar. “O pré-operatório, por exemplo, requer uma atenção redobrada, já que os pacientes pós-bariátricos costumam apresentar uma dificuldade na absorção de alguns nutrientes. Ele precisa, nesse contexto, fazer um acompanhamento com endocrinologista e nutricionista para consolidar o resultado cirúrgico”, lembra Dra. Érika. “Por essa razão, evito combinar procedimentos, pois isso sobrecarrega o paciente. Afinal, estamos falando de cirurgias complexas, que exigem cuidados específicos para minimizar o estresse cirúrgico e garantir segurança. É crucial respeitar o tempo de cada procedimento para atingir um resultado satisfatório e duradouro”, complementou.
Justamente por isso, a cirurgia pós-bariátrica acaba sendo ainda mais cuidadosa, primando pela individualização do atendimento. “Cada paciente tem uma necessidade distinta. Existem situações, por exemplo, que envolvem cirurgias de face, visando combater a flacidez naquela região. Outras envolvem apenas o abdômen. Tudo isso será analisado no planejamento cirúrgico, que deve considerar não apenas a queixa do paciente, mas também suas condições clínicas, garantindo a escolha da técnica mais adequada para cada caso”, afirma Dra. Érika. “A cirurgia pós-bariátrica tem, sobretudo, um caráter higiênico e funcional. Além de eliminar os desconfortos causados pelo excesso de pele, ela contribui para uma qualidade de vida mais satisfatória e uma melhor relação com a própria imagem. Isso faz o paciente se sentir renovado, desfrutando do processo de emagrecimento de forma mais plena, mas sempre preservando a saúde”.