O Mal de Alzheimer é, sem dúvidas, uma das grandes preocupações do ser humano em seu processo de envelhecimento. Isso porque, nos últimos anos, tem se demonstrado cada vez mais a prevalência desse tipo de problema na sociedade, especialmente diante do envelhecimento populacional, um fenômeno que vem ocorrendo em diferentes partes do mundo. Para abordar um pouco o assunto, e desmistificar a doença, o Mania de Saúde ouviu o médico neurologista Dr. Caio Monteiro Pontes, da It Neuro Diagnósticos, que tem promovido um atendimento neurológico de excelência para Itaperuna e região.
Dr. Caio Monteiro explica, inicialmente, do que se trata o Alzheimer. “Antes de definirmos essa enfermidade, devemos, primeiramente, esclarecer o que é cognição. O processo cognitivo envolve a capacidade em adquirir conhecimento através da percepção, atenção, associação, memória, raciocínio, imaginação, pensamento e linguagem. A Doença de Alzheimer é um transtorno neurodegenerativo progressivo, manifestado pela deterioração cognitiva associado a comprometimento em atividades de vida diária e alterações comportamentais. É a forma mais comum de demência em pessoas idosas, sendo responsável por mais da metade dos casos de demência nessa população”, diz o médico.
Ele destaca, também, como a doença se manifesta. “Entre os principais sinais e sintomas do Alzheimer estão a falta de memória para acontecimentos recentes, repetição da mesma pergunta várias vezes, dificuldade para acompanhar conversações, incapacidade de elaborar estratégias para resolver problemas, dificuldade para encontrar caminhos conhecidos, irritabilidade e tendência ao isolamento. Por ser uma doença comum, a sabedoria popular é recheada de afirmativas sobre o assunto, que nem sempre correspondem à verdade. É comum ouvirmos expressões como: “Todo Alzheimer começa com a perda de memória’, “A doença sempre tem origem hereditária’ e “Apenas idosos podem sofrer de demência’. Esses são alguns mitos espalhados, dificultando ainda mais o esclarecimento da população, bem como o diagnóstico e o correto manejo da doença”.
A Doença de Alzheimer, segundo Dr. Caio, ainda não possui uma forma de prevenção específica. No entanto, acredita-se que manter a mente ativa, aliada a bons hábitos e estilo de vida saudável, pode retardar ou até mesmo inibir a manifestação da doença. Ele comenta que, dentre essas atividades, recomenda-se: estudar, ler, realizar exercícios de aritmética, prática de jogos inteligentes, atividades em grupo, evitar o uso de bebidas alcoólicas e o tabagismo, manter uma alimentação saudável e regrada, além da prática de atividades físicas regulares.
O médico conta como a Doença de Alzheimer é diagnosticada. “O diagnóstico é feito por exclusão. O rastreamento inicial deve incluir avaliação de depressão e exames de laboratório com ênfase especial na função da tireoide e nos níveis de vitamina B12 sanguíneos. Devem ser realizados exames neurológicos cuidadosos, acompanhados de avaliação do estado mental, com o objetivo de identificar áreas com déficit cognitivo. Além disso, é fundamental a realização de exame de imagem através de uma tomografia ou ressonância magnética cerebral. Com relação ao tratamento, podemos dividi-lo em terapia não farmacológica e terapia farmacológica. Dentre as medidas não-farmacológicas, destacam-se a orientação e treinamento de familiares e cuidadores para o atendimento ao paciente, o estabelecimento de rotina de atividades (deambulação, exercícios físicos, atividades sociais e intelectuais), adequação do ambiente doméstico às necessidades e limitações do paciente, além de acompanhamento através de terapia ocupacional, fisioterapia e fonoaudiologia. No campo do tratamento farmacológico, inúmeras substâncias psicoativas têm sido propostas para preservar ou restabelecer a cognição, o comportamento e as habilidades funcionais do paciente com demência. Contudo, os efeitos das drogas hoje aprovadas para o tratamento limitam-se ao retardo na evolução natural da doença, permitindo apenas uma melhora temporária do estado funcional do paciente”.
Dr. Caio lembra que, apesar de não existir uma cura, o tratamento farmacológico da doença de Alzheimer e de outras demências torna-se mais eficaz quando realizado precocemente. “Além disso, um diagnóstico precoce permite que os familiares compreendam sobre a doença, desenvolvam expectativas realistas e planos conjuntos para o futuro, diminuindo a ansiedade, atitudes negativas e sentimentos tardios de arrependimento. A família é primordial no tratamento, pois esta doença não afeta apenas o paciente e sim o núcleo familiar. Cuidar de uma pessoa portadora de demência de Alzheimer pode ser trabalhoso em alguns momentos para os familiares, que às vezes entram em desespero, depressão e demonstram sinal de impotência, porém os pacientes necessitam unicamente de amor, solidariedade e paciência. A divisão de tarefas entre os familiares é de extrema importância, uma vez que os cuidados exigem atenção diurna e noturna, gerando grande desgaste físico e emocional. Devemos ter em mente que idosos com Alzheimer perdem a memória, porém jamais perdem sua história e importância em nossas vidas!”.