“O papel da convivência e das amizades na formação integral das crianças e o impacto que a ausência delas causa no futuro”
Todos sabemos que o algoritmo das redes sociais nos entrega conteúdos parecidos com aquilo a que mais dedicamos tempo — e há quem acredite que os celulares nos “ouvem”. A verdade é que essa sensação vem da combinação de tecnologias e estratégias de coleta de dados. Os smartphones não escutam nossas conversas o tempo todo, mas o microfone é ativado de modo controlado, especialmente por assistentes de voz como o Google Assistente ou a Siri.
Onde quero chegar com isso?
É que meu lado mais “humano” me faz passar horas vendo conteúdos sobre educação infantojuvenil e amizade. Em consequência, o algoritmo me devolve uma enxurrada de vídeos, textos e reflexões sobre o tema — neurociência, psicanálise, psicologia, psicopedagogia… Aos poucos, tudo se mistura e forma novas ideias dentro de mim.
Meu pai, engenheiro mecânico, trabalhou em praticamente todas as usinas de Campos na década de 80. Dr. Murilo de Barros e Silva viveu em várias cidades — e nós, seus filhos, junto com ele. Moramos no Rio, em Piracicaba, em São Caetano do Sul… até fixarmos residência em terras goytacá em 1987.
Essa caminhada trouxe muitas experiências — boas e difíceis. Mas vamos nos ater a um ponto: as amizades.
Fiz muitos amigos ao longo dessa trajetória. Amigos de infância, adolescência e vida adulta — contrariando, com orgulho, a teoria do meu compadre Murilo Dieguez de que: “Depois de adultos, não fazemos mais amigos. Apenas conservamos os que temos”. Para mim, os melhores amigos vieram na maturidade, e agradeço a Deus por isso.
Ainda assim, sei que para muitos de vocês, as amizades mais profundas são as que nasceram na infância. E isso diz muito sobre o quanto os vínculos duradouros marcam quem somos.
Há amigos para sair, para ouvir, para falar, para tomar café, para dividir o esporte, para apoiar na criação dos filhos. Cada um tem sua importância.
Quem tem filhos pequenos sabe: eles só querem brincar com os amiguinhos. Os adolescentes vivem os altos e baixos das amizades — e nós, adultos, tentamos encaixar um lanche ou uma taça de vinho entre as tarefas da semana.
Certa vez li uma entrevista com profissionais bem-sucedidos que, por causa do trabalho, mudaram de cidade várias vezes. Quando perguntados se fariam algo diferente, a resposta unânime me surpreendeu:
“Se pudéssemos voltar no tempo, teríamos escolhido morar em um só lugar, para que nossos filhos criassem vínculos de amizade desde cedo — mesmo que isso significasse ganhar menos”.
Essa resposta me tocou profundamente, talvez por refletir um pouco da minha própria história. E deixo aqui uma pergunta que não sai da minha cabeça:
Ao olhar para seus filhos hoje, você pensa nas amizades que eles estão cultivando? Já pensou no quanto a escola influencia nisso?
