No mês passado, os mais de 21 milhões de seguidores da modelo Rafa Kalimann foram surpreendidos – em meio às inúmeras dicas de moda, beleza e gastronomia – com um importante desabafo feito pela apresentadora, relatando as crises de ansiedade que ela experimentava em seu dia a dia. “Que a gente busque ajuda e não pare”, conclamou Kalimann.
O alerta da influencer nunca foi tão oportuno. Afinal, o transtorno de ansiedade já se tornou uma das doenças de maior abrangência no mundo, juntamente com a depressão, sendo ambas responsáveis por 60% dos problemas de saúde mental na atualidade, conforme recente pesquisa feita pela Organização Mundial de Saúde (OMS).
Mas não termina aí: dados da OPAS (Organização Pan-Americana de Saúde) revelam que o Brasil é hoje o país mais ansioso do mundo, com cerca de 18,6 milhões de indivíduos com essa condição. Isso representa mais do que a população inteira do estado do Rio de Janeiro, que atualmente gira em torno de 16 milhões de habitantes.
Além dos fatores tradicionais que contribuem para a ansiedade, como predisposição genética, influências ambientais, desequilíbrios químicos no cérebro e eventos traumáticos, há um elemento crescente a ser considerado hoje em dia: o mundo digital. Isso porque o espaço on-line vem sendo apontado como um importante agente de ansiedade, especialmente entre os jovens, a ponto de já se falar em “ansiedade digital” nos mais diversos círculos acadêmicos.
Um dos sintomas mais recorrentes é o chamado FOMO, sigla em inglês para “Fear of Missing Out”, ou “medo de estar perdendo algo”. Ele aparece quando comparamos nossas vidas às experiências aparentemente emocionantes das outras pessoas, destacadas em fotos e vídeos nas redes sociais. Essa comparação incessante com os outros, muitas vezes, resulta em sentimentos de inadequação, preocupação exacerbada e uma desconexão com o presente, contribuindo diretamente para o quadro ansioso.

Mas como o indivíduo consegue perceber que algo está errado? Existem sinais específicos que sugerem a necessidade de buscar ajuda? Quem nos dá essa resposta é a médica psiquiatra Dra. Lana Maria Pereira. “A ansiedade é uma sensação que todos nós experimentamos em nosso dia a dia. Ela nos impulsiona, nos enche de expectativa e nos prepara para os desafios. Mas em que momento isso se torna um problema? Quando começa a te paralisar. É quando você se sente ansioso, mas essa ansiedade te impede de realizar até mesmo as tarefas mais simples do cotidiano. Você sente medo do que pode acontecer, medo de como vai enfrentar aquele dia e aí começa a faltar compromissos, evitar lugares e pessoas, mergulhando em uma espiral de sentimentos negativos. Essa é a hora ideal de procurar um médico psiquiatra para fazer uma avaliação, tendo em vista que não se trata mais daquela ansiedade natural do dia a dia e sim algo muito mais profundo e prejudicial à saúde”, disse.
Outro dado importante, nesse contexto, é que nem todo mundo precisará de medicamento. “Até porque o papel do psiquiatra não é apenas prescrever remédios”, alerta Dra. Lana Maria. “Quando você vai a um bom psiquiatra, ele pode identificar, por exemplo, se você precisa mais de terapia do que de medicamento. Tudo vai depender da especificidade de cada caso e por isso a avaliação do psiquiatra é tão importante, pois ele vai garantir uma abordagem apropriada para aquele transtorno, proporcionando uma melhor qualidade de vida para o indivíduo”.