Boas práticas na gestão hospitalar

Dra. Linelly Peixoto Morellato é médica formada na Faculdade de Medicina de Campos, Pós-Graduada em Auditoria de Serviços de Saúde e MBA Gestão em Saúde pelo Albert Einstein Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa. Mestrado em Medicina com ênfase em Inovação em Saúde pela Santa Casa de Belo Horizonte, Professora da Faculdade de Medicina de Campos. Atualmente Diretora Técnica do Hospital Escola Álvaro Alvim e Médica Auditora das Operadoras de Saúde Petrobras, Cassi e Real Grandeza.
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O que vocês, colegas médicos e profissionais da equipe multidisciplinar, acham que precisa ser feito para mitigar o alto nível de risco e complexidade intrínsecos à assistência em saúde nas instituições em que atuam?

gestão hospitalarAssumir o cargo de diretora de um hospital se apresentou como um marco importante na minha carreira, pois, além do conhecimento médico, tem exigido que eu coloque em prática os estudos e habilidades ligados à liderança, planejamento estratégico, gestão de pessoas, de recursos e de riscos. E, nessa atuação, tenho buscado cotidianamente a melhoria do hospital através da revisão de processos, implementação de protocolos, promoção da cultura de educação permanente e organização das comissões hospitalares obrigatórias, também gerenciando crises e atendendo as demandas dos colegas médicos, da equipe multiprofissional e dos pacientes. Neste cenário, me recordo de vários ensinamentos transmitidos pelo meu pai. Ele pertencia à área offshore e compartilhava comigo experiências que evidenciavam que existe uma relação entre a adoção de boas práticas, uma liderança de alto desempenho e a obtenção dos melhores resultados para a organização. Com o aprofundamento nos estudos da gestão em saúde, descobri que aquelas boas práticas que o meu pai costumava referir integram o conceito de Organização de Alta Confiabilidade (OAC), a qual, considerando o alto nível de risco e complexidade intrínsecos à operação, tem como principal diretriz oferecer maior segurança às pessoas envolvidas nos processos. Apesar de se tratar de conceito que pareça fazer mais sentido em áreas mais ligadas às ciências exatas, como offshore e aviação, muitas dessas boas práticas são adaptáveis e aplicáveis à gestão das unidades de saúde quando buscamos atender melhor as expectativas do paciente quanto à qualidade e segurança dos serviços de saúde, inclusive no que tange à reversão de complicações que inevitavelmente ocorrem na prática médica. Na área de saúde, inclusive, muitas dessas boas práticas estão consolidadas em normativas e leis relacionadas às exigências regulatórias que acabam deixando de ser plenamente atendidas quando sua razão de ser passa desapercebida. Tendo isto em mente, tenho gradativamente introduzido um modelo que tem estimulado maior engajamento da equipe assistencial ao propiciar um ambiente de trabalho colaborativo, o que tem trazido excelentes resultados a partir do protagonismo, participação e adesão dos colegas médicos e da equipe multiprofissional nesse processo de pleno atendimento às exigências regulatórias e de melhoria contínua que, de uma maneira geral, têm propiciado os melhores cuidados para os nossos pacientes. Isto é algo que também tenho levado a outras instituições de saúde, na condição de consultora de gestão em saúde para fomentar a prestação de serviços de saúde menos expostos às falhas e, portanto, mais seguros, eficientes e eficazes. O que vocês, colegas médicos e profissionais da equipe multidisciplinar, acham que precisa ser feito para mitigar o alto nível de risco e complexidade intrínsecos à assistência em saúde nas instituições em que atuam?