Síndrome de Burnout: o que é?

O médico psiquiatra Dr. Leonardo Bacelar, Diretor da Clínica Proteus

Você já ouviu falar em burnout? Pois é. O distúrbio psíquico relacionado ao ambiente de trabalho vem sendo cada vez mais discutido na sociedade moderna. De acordo com o Google Trends, por exemplo, as pesquisas por “burnout” tiveram um aumento de mais de 400% no último ano, demonstrando o crescente interesse sobre o assunto. Mas como caracterizá-lo de forma correta? Como saber o que de fato é burnout?

Para abordar o tema, o Mania de Saúde ouviu o médico psiquiatra Dr. Leonardo Bacelar, Diretor da Clínica Proteus. Ele explica, inicialmente, como o problema se manifesta. “A síndrome de burnout é um distúrbio psíquico causado pela exaustão extrema, sempre relacionada ao trabalho. Essa condição também é chamada de ‘síndrome do esgotamento profissional’ e afeta quase todas as áreas da vida de um indivíduo. De acordo com a CID-11, o burnout (QD85) é uma síndrome que se apresenta com o sintoma prevalente de estresse crônico relacionado ao trabalho, associado a outros sintomas que se manifestam em três dimensões específicas: exaustão emocional, despersonalização e falta de envolvimento pessoal no trabalho”, afirma.

Embora o burnout envolva primariamente a saúde mental, ele pode acarretar sintomas físicos ao paciente a médio e longo prazo, como lembra o psiquiatra. “O burnout é resultado do acúmulo excessivo de estresse, de tensão emocional e de trabalho e, geralmente, afeta profissionais que exercem suas funções sob pressão constante, bem como profissões que demandam envolvimento interpessoal direto e intenso”, frisa Dr. Leonardo. “A pressão no ambiente de trabalho resulta em sintomas ansiosos e depressivos, ocasionando um processo de progressiva piora, que exige acompanhamento médico constante. As profissões mais afetadas acabam por envolver em suas atividades altos níveis de estresse, ansiedade, concentração e cobrança. É o caso, por exemplo, de policiais, bombeiros, professores, bancários, atendentes de telemarketing, médicos e enfermeiros, assistentes sociais, entre outros”, disse.

Segundo Dr. Leonardo, os sintomas mais frequentes englobam a parte psíquica, emocional, comportamental e física, incluindo cansaço mental e físico excessivo, tristeza excessiva, insônia, dificuldade de concentração, perda de apetite, irritabilidade e agressividade, lapsos de memória, comportamento de alto risco, pensamentos suicidas, baixa autoestima, desânimo e apatia, dores de cabeça (enxaquecas) e no corpo, negatividade constante, sentimentos de fracasso e de insegurança, isolamento social, dores musculares ou osteomusculares, distúrbios respiratórios, transtornos cardiovasculares, disfunção sexual, alterações menstruais e pressão alta, dentre outros que podem ocorrer associados.

“O diagnóstico de burnout é complexo, pois requer a avaliação de diversos fatores. O ideal é que o indivíduo seja avaliado pelo médico psiquiatra e/ou médico do trabalho. O diagnóstico é basicamente clínico e leva em conta o histórico do paciente, seu envolvimento e realização pessoal no trabalho, além de ser importante também entender o ambiente onde ele atua, bem como os potenciais riscos aos quais está sujeito. Alguns questionários específicos ajudam a complementar o diagnóstico, assim como a avaliação psicológica e a avaliação do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional da organização”, ressalta Dr. Leonardo.

O alerta ganha ainda mais importância diante do número de jovens adultos que vêm se autodiagnosticando ou tomando remédios por conta própria, sem entender a complexidade do distúrbio. “O tratamento do burnout é individualizado e inclui o uso de antidepressivos e psicoterapia, que vão variar de pessoa para pessoa. Atividade física regular e exercícios de relaxamento também são altamente recomendados para ajudar a controlar os sintomas. O afastamento do ambiente laboral pode ser considerado em alguns casos de gravidade da síndrome. O importante é fazer o acompanhamento adequado, visando sempre uma melhor qualidade de vida para esse indivíduo”, finalizou.