Quando se fala em gatos, é natural as pessoas imaginarem aquele bichinho garboso e independente, que parece não se importar muito com a presença humana e necessita estar sempre na rua, não é mesmo? Mas a verdade é que essa falsa impressão pode levar muitos tutores a cometerem erros na hora de ter um gatinho, sobretudo pelos riscos de acidentes e até mesmo casos de envenenamentos, que costumam ser rotineiros em nossa região.
Quem nos faz o alerta é a médica veterinária Dra. Lina Goulart, da Procamp, que ressalta a necessidade de adotar uma postura diferente em relação aos gatinhos. “Um comportamento muito comum, em relação aos gatos, é acreditar que eles são autossuficientes. Mas é importante monitorar de perto a rotina do animal. Quem mora em apartamento, por exemplo, precisa saber que o gato não tem uma noção de altura muito apurada. Se passar uma libélula ou uma borboletinha, ele pode tentar capturar e, assim, acabar despencando da sacada ou rolar escada abaixo, representando um grande risco para sua segurança”, informa Dra. Lina. “Já quem mora em casa tende a achar que é importante o gato dar uma voltinha na rua, mas isso pode levar a brigas com outros gatos, além da possibilidade de contrair doenças infectocontagiosas, como a FIV e a FeLV, que são transmitidas através do contato com animais doentes, seja por arranhaduras, lambeduras ou compartilhamento de potes de ração e água”, acrescentou.
Os riscos, contudo, não terminam aí. “Além de eventuais brigas com outros felinos, existe a possibilidade de o animal ser atropelado, sofrer agressões de cachorros, interessar-se pelas gatas em épocas reprodutivas, entre outros problemas. Isso sem falar que, na nossa região, nos deparamos com muitos casos de envenenamento. Às vezes as pessoas utilizam diferentes produtos para combater os ratos, porém o gatinho pode acabar capturando o roedor ou consumindo diretamente o veneno. Ou seja: são vários os problemas que você evitaria se mantivesse o gato dentro de casa. Até porque um apartamento, para ele, representa um mundo. Se você coloca os apetrechos do gatinho em local adequado, a vasilha de água e comida, a bandeja com areia limpa e o arranhador para gastar as unhas, o animal vai ter muito espaço para viver bem. Não há necessidade de ficar indo para a rua, expondo-se a tantos perigos”, frisou.
Uma etapa fundamental nesse processo, conforme explica a veterinária, é a imunização do animal. “O protocolo de vacinação para gatos consiste em administrar a vacina V4 ou V5 a partir de 45, 60 dias, sendo este o prazo em que normalmente aplicamos. Depois, é importante realizar o teste FIV e FeLV para verificar a presença de doenças como a imunodeficiência felina, que é a FIV, também conhecida como AIDS felina, bem como a FeLV, que é a leucemia felina. Após realizar o teste e obter um resultado negativo, pode-se avançar com a administração da vacina V5, que protege contra a clamidiose, rinotraqueíte, panleucopenia, calicivirose e a FeLV, sendo importante destacar que não existe vacina disponível para a FIV até o momento. Já com quatro meses, é hora de administrar também a antirrábica. Lembrando, porém, que todas essas vacinas exigem reforço anual”, orienta Dra. Lina.
Ela destaca, também, a importância da castração, que pode aprimorar a qualidade de vida do gatinho. “Quando o animal é castrado, é comum observar uma mudança em seu comportamento, tornando-se mais caseiro e tranquilo, sem maiores chances de fuga ou necessidade de encontrar uma parceira. Com isso, há uma redução significativa nas manifestações associadas aos períodos reprodutivos, especialmente nas gatas. Isso contribui para um ambiente mais tranquilo e harmonioso. A castração também previne tumores de mama e doenças sexualmente transmissíveis, dentre vários outros problemas, aprimorando em muito a qualidade de vida do animal”.