Seu filho tem alergia alimentar?

Seu fi lho tem alergia alimentar?
O médico alergista e imunologista Dr. Luiz Carlos Bandoli

Muitos pais já devem ter passado pela situação de ver o filho ingerindo determinado alimento e, logo em seguida, experimentar uma forte reação alérgica, não é mesmo? Nessas horas, é comum o nervosismo tomar conta das famílias, que muitas vezes não sabem como proceder dali em diante – sobretudo pelo risco de a criança ingerir o mesmo alimento novamente sem que os pais estejam preparados para lidar com a situação.

Mas é reconfortante saber que hoje existem métodos capazes de auxiliar tanto no diagnóstico quanto no tratamento das mais diversas alergias alimentares, permitindo que os pais se sintam mais tranquilos e seguros quanto à alimentação da criança. É o caso da dessensibilização alimentar, que se destaca como um protocolo terapêutico inovador, tendo o objetivo de reduzir a probabilidade de reações alérgicas graves e aumentar a tolerância a alimentos específicos, oferecendo assim maior liberdade e segurança aos pacientes.

Para abordar essa questão, o Mania de Saúde foi até a Clínica Ferzeli e ouviu o médico alergista e imunologista Dr. Luiz Carlos Bandoli. Ele ressalta como esse tipo de problema vem aumentando no mundo de hoje. “As alergias alimentares estão cada vez mais presentes em nosso dia a dia. Basta lembrar que o leite, o ovo, a soja e o trigo estão entre os principais desencadeadores de alergias em todo o mundo. Além disso, no Brasil, alimentos como castanha do Pará, castanha de caju, banana, aipim, coco e inhame também contribuem para quadros alérgicos”, revela Dr. Luiz. “Muitas vezes, por exemplo, a criança inicia o uso de fórmula infantil e logo em seguida apresenta urticária, que são aquelas erupções vermelhas na pele, ou até mesmo angioedema, com inchaço dos olhos e dos lábios, além de dermatite atópica ou manifestações gastrointestinais, incluindo presença de sangue nas fezes. Isso prejudica em muito a saúde do paciente e exemplifica a importância do tratamento”, acrescentou o médico.

Seu fi lho tem alergia alimentar?Ele explica como é feita a abordagem desses pacientes. “A princípio, optamos pela dieta de exclusão, retirando o alimento do prato do paciente por um determinado período. Muitas vezes, ele acaba se recuperando normalmente, sem necessidade de outras intervenções. No entanto, se os sintomas persistirem, temos o protocolo de dessensibilização alimentar, que é algo muito novo aqui na região e tem beneficiado diversos pacientes, que antes precisavam se dirigir às capitais para obter esse tipo de cuidado”, afirma Dr. Luiz. “Em um primeiro momento, fazemos os testes alérgicos, como o Prick to Prick, que vai identificar a alergia e verificar o nível de sensibilidade do paciente a determinados alimentos ou substâncias. Feita essa avaliação, a gente dá início ao protocolo, oferecendo doses controladas daquele alimento até que o paciente desenvolva o que chamamos de tolerância. Nosso propósito é fazer com que ele consiga ingerir o alimento sem provocar reações alérgicas. Esse processo de dessensibilização é bastante específico e requer um acompanhamento minucioso para garantir o melhor resultado para cada paciente”, complementou.

Um dos maiores benefícios do protocolo de dessensibilização alimentar, segundo o médico, é a segurança oferecida ao paciente, que passa a se alimentar de forma mais livre e sem maiores restrições. “Isso é especialmente importante em uma cultura onde as interações sociais frequentemente envolvem comida”, lembra Dr. Luiz. “Tanto em reuniões familiares quanto em eventos sociais, ficamos expostos a uma variedade enorme de alimentos – e sempre existe alguém para dizer que aquele prato, se consumido em menor quantidade, não fará nenhum mal ao indivíduo. Porém a gente sabe que, mesmo em porções pequenas, ele pode ser extremamente danoso ou até mesmo fatal para determinadas pessoas”, alerta o especialista. “Ao estabelecermos um protocolo de tratamento, é possível garantir maior liberdade para a criança e para a família, diminuindo o risco de anafilaxia, que é a reação alérgica mais grave, além de prevenir outros problemas de saúde, garantindo mais qualidade de vida para todos”.