Quem costuma passar pela BR-356, no trecho entre Campos e Itaperuna, já deve ter se habituado com a quantidade de pescadores que frequentam o Rio Muriaé todos os dias, sempre utilizando trajes esportivos, com uma série de apetrechos em mãos e, muitas vezes, andando em grupos pelas margens da rodovia. Mas nem todos têm consciência dos pré-requisitos para realizar uma pescaria responsável, podendo gerar prejuízos não apenas financeiros, mas sobretudo à própria natureza.
Apesar de a pescaria esportiva ter vivido um enorme crescimento na última década, impulsionada principalmente pela avalanche de conteúdos nas redes sociais e em grupos de WhatsApp, é importante que os pescadores amadores estejam cientes dos cuidados necessários para garantir a preservação dos recursos aquáticos e a sustentabilidade dessa atividade, já que existem regras a serem obedecidas antes de jogar a linha na água.
Um dos primeiros passos, por exemplo, é conhecer as regulamentações locais, o que pode ser feito com uma rápida consulta na internet. Cada estado brasileiro, por exemplo, dispõe de normais legais em relação às espécies permitidas, tamanhos mínimos e máximos de peixes, além, é claro, dos períodos de defeso.
Outro cuidado importante é a Licença para Pesca Amadora ou Esportiva, que é emitida pela Secretaria de Aquicultura e Pesca – SAP/MAPA e tem validade de 1 (um) ano em todo o território nacional. Uma vez licenciado, o pescador poderá pescar em qualquer região do país, salvo locais protegidos por norma federal, estadual ou municipal. A falta de licença pode parecer inofensiva, mas ela pode, sim, prejudicar a rotina do pescador. Basta lembrar que, nos últimos anos, tornou-se comum ver materiais sendo apreendidos em eventuais fiscalizações. Isso demonstra que não se trata apenas de uma obrigação legal, mas também uma forma de proteger os investimentos dos pescadores e garantir a sustentabilidade da atividade pesqueira.
Mas outra precaução que vem sendo bastante difundida, atualmente, diz respeito ao carrapato-estrela, transmissor da febre maculosa, que vem se alastrando em diversos pontos do Norte e Noroeste Fluminense, tendo entrado no radar das autoridades de saúde recentemente. Em 2023, alguns dos casos confirmados no Sudeste foram de pessoas que costumavam pescar. Ou seja: indivíduos que frequentam áreas próximas a rios e lagos para a prática da pesca, assim como aqueles que visitam parques ou espaços públicos onde há presença de capivaras, precisam redobrar a atenção.
Segundo a IOC/Fiocruz, a doença é transmitida ao homem basicamente pelo carrapato infectado, não havendo risco de transmissão pessoa a pessoa. Para que a infecção ocorra, o carrapato precisa ficar aderido à pele. Se houver lesões na pele, o contágio pode ocorrer no momento do esmagamento do inseto. A recomendação é evitar locais com predominância de capivaras e, de preferência, realizar pescaria embarcada, minimizando o risco de contaminação.
A pesca esportiva no Brasil, como se vê, pode ser uma atividade prazerosa, desde que seja praticada de forma responsável e sustentável. Ao seguir essas diretrizes e compartilhá-las com outros pescadores, você estará contribuindo para a preservação de nossos rios, possibilitando que as gerações futuras também possam desfrutar desse hobby. Afinal, cuidar do ambiente é responsabilidade de todos nós.