O quarto ideal para a criança AUTISTA

AUTISTATer uma criança diagnosticada com Transtorno do Espectro Autista (TEA) sempre gera inúmeros desafios aos pais e responsáveis. Mas não basta apenas se preocupar com o tratamento do autismo junto aos profissionais de saúde. É necessário, também, adaptar o ambiente doméstico para melhor atender às necessidades sensoriais da criança. Quem nos fala sobre o assunto é a Dra. Cláudia Boechat, diretora da Helpers Autismos.

Com vasta experiência na área, sendo também mãe TEA, ela dá algumas orientações a serem implementadas em casa para favorecer a adaptação da criança. “O mais importante no quarto de um filho autista é garantir que o ambiente atenda às suas necessidades sensoriais, oferecendo opções de dormir no chão, na cama ou em lugares específicos, além de respeitar suas preferências em relação a cores, brinquedos e objetos”, afirma Dra. Cláudia. “Também é interessante os pais ocuparem um quarto próximo da criança. Na minha casa, por exemplo, criei uma espécie de antessala entre meu quarto e o quarto dos meus filhos. Embora o ideal seja que a criança durma sozinha, é crucial garantir que, se ela acordar, não haja riscos de vagar pela casa. Ter um quarto próximo facilita esse processo”, disse.

O quarto ideal para a criança autistaOutra medida importante é ter um banheiro próximo ao quarto ou ele ser construído em forma de suíte. Isso porque, além de a água contribuir para a regulação do autista, ter um banheiro por perto facilita a supervisão da criança, impedindo que ela explore outros ambientes. “Mas é necessário, também, priorizar a segurança”, lembra Dra. Cláudia. “O vaso sanitário tem que ser novo, para evitar o risco de quebrar, assim como o vidro do box. O ideal é que ele tenha uma película para, caso estoure, não estilhaçar no chão. A instalação de câmeras também é outra medida interessante, pois ajuda nessa vigilância”, alertou.

Mas atenção! Ainda que um projeto arquitetônico seja bem executado, é fundamental distinguir o espaço de brincadeiras e o local para dormir. Se houver a possibilidade de quartos separados para esse propósito, melhor. “Estabelecer um quadro de rotina também ajuda nesse processo. Ele pode incluir atividades como hora de tomar banho, tomar suplementos ou medicamentos, vestir o pijama, escovar os dentes e dormir. A presença da mãe no quarto, lendo um livro e dando boa noite, também contribui para esse adormecer”, orienta Dra. Cláudia, lembrando que a Helpers Autismos acaba de disponibilizar um curso gratuito para os pais no aplicativo da Agathos Play, com diversas orientações sobre a qualidade do sono da criança.

Para saber mais sobre o assunto, a Helpers Autismos fica localizada na Rua Sérgio Dias Pecly, 229, Lions (rua atrás da Casa Mia), Itaperuna, e atende pelo telefone (22) 997260606 ou pelo Instagram @helpers_autistics. Agende uma visita!

Cláudia Boechat
Dra. Cláudia Boechat, diretora da Helpers Autismos, explica como adaptar o ambiente doméstico para melhor atender às necessidades sensoriais da criança

Dicas de ouro!

Iluminação – A luz amarela é menos propensa a piscar em comparação com a luz branca, criando assim um ambiente mais relaxante. Mas cuidado na escolha do abajur: algumas crianças são atraídas pelo calor da lâmpada e, ao tentar pegá-la, correm o risco de quebrá-la.

Móveis e objetos – Evite itens pontiagudos e móveis suscetíveis a quedas. É recomendável fixá-los na parede para garantir estabilidade. Embora seja preferível não ter uma TV no quarto, se estiver presente, fixe-a na parede e deixe os fios elevados.

Itens de cama – Inclua um baú no quarto com almofadas, lençóis e cobertores para facilitar a regulação da criança. Opte por itens que sejam suaves e agradáveis à pele.

Brinquedos – Mantenha o quarto livre de estímulos excessivos para criar um ambiente tranquilo. Isso é crucial para evitar que a criança se envolva em atividades caso acorde.

Preferências – Cada criança tem uma característica diferente. Se ela gosta de balanço, pode instalá-lo no quarto. Mas, se ele agita a criança, evite. Profissionais especializados no tratamento do TEA podem auxiliar nessas escolhas!

Autora do projeto

“Para projetar um quarto para crianças com Transtorno do Espectro Autista, é indispensável entender as necessidades de cada indivíduo antes de criar um ‘quarto ideal’, pois existem vários graus de sensibilidade a estímulos como cores, ruído, iluminação e textura. Por isso, antes de iniciar o projeto, é de extrema importância consultar o profissional de saúde que acompanha a criança. Ela traz insights valiosos sobre estímulos sensoriais apropriados, organização espacial e elementos terapêuticos que promovem o bem-estar da criança.

Cada detalhe é pensado para proporcionar um espaço seguro e acolhedor, atendendo às necessidades específicas de cada um. A iluminação suave, disposição dos móveis e a seleção de elementos sensoriais contribuem para a criação de um ambiente propício ao conforto emocional e ao estímulo adequado”.

Letícia Ribeiro – Projeto de Interiores