Desvendando a infertilidade

Desvendando a INFERTILIDADE
A médica ginecologista e obstetra Dra. Alice Thomé

Realizar o sonho da maternidade ou da paternidade é um desejo inerente à maioria das pessoas, não é mesmo? Entretanto, para alguns indivíduos, tornar-se pai ou mãe pode ser uma tarefa árdua, devido a uma série de questões envolvendo o processo da concepção. Basta, para isso, citar o mais recente relatório divulgado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre o impacto da infertilidade no mundo contemporâneo.

Segundo a OMS, aproximadamente 17,5% da população adulta, o equivalente a 1 em cada 6 pessoas em todo o mundo, enfrenta obstáculos relacionados à fertilidade, que abrangem desde problemas médicos até fatores emocionais e escolhas de estilo de vida. Outro dado apontado pelo órgão é que a infertilidade não faz distinção de classe social: sua prevalência ao longo da vida foi de 17,8% em países de alta renda e 16,5% em países de baixa e média renda, demonstrando a necessidade de difundir o acesso ao tratamento desse problema.

Desvendando a INFERTILIDADEQuem nos fala sobre o assunto é a médica ginecologista e obstetra Dra. Alice Thomé. Especialista em Ultrassonografia em Ginecologia e Obstetrícia, Colposcopia e Infertilidade Conjugal / Reprodução Assistida, ela conta como a infertilidade afeta o público feminino e masculino na atualidade.

“A infertilidade é caracterizada pela ausência de gravidez clínica após um período de 1 ano ou mais de relações sexuais regulares e desprotegidas. A investigação sempre envolve o casal e os possíveis limites reprodutivos devem ser abordados de maneira integral e simultânea. Os fatores mais comuns relacionados à mulher são: idade avançada, irregularidades menstruais, obstrução nas trompas e endometriose. Nos homens, as alterações seminais relacionadas a um estilo de vida inadequado e a presença de varicocele são os fatores mais comuns”, relatou.

Outro problema apontado pela OMS é o impacto psicológico gerado pela infertilidade, que pode ocasionar um sofrimento significativo a inúmeros casais, indo muito além das questões médicas. Afinal, as frustrações envolvidas nesse processo e até mesmo dificuldades financeiras costumam afetar o bem-estar mental e psicossocial de boa parte da população. Mas, embora a prevalência da infertilidade seja preocupante, a reprodução humana é uma das áreas da medicina que mais evoluíram nas últimas décadas. O avanço da tecnologia médica e das técnicas de reprodução assistida têm proporcionado novas oportunidades para indivíduos que enfrentam problemas relacionados à fertilidade, gerando um cenário mais positivo para inúmeros casais.

“Hoje existem diferentes formas de tratar a infertilidade. Elas abrangem desde tratamentos de baixa complexidade, como indução da ovulação nas mulheres com anovulação crônica; e a inseminação intrauterina nos problemas seminais leves. Já os de alta complexidade, como a fertilização in vitro e ICSI (injeção intracitoplasmática de espermatozoides), estão indicados nas obstruções tubárias, em problemas seminais graves ou doenças que requerem investigação do embrião através de biópsia embrionária”, ressalta Dra. Alice.

Embora as causas da infertilidade sejam variadas, existem medidas preventivas que podem ser adotadas para facilitar a concepção. Em homens com baixa contagem de espermatozoides, o uso de multivitaminas e sais minerais pode melhorar esse quadro, seguindo a orientação médica. É recomendado não utilizar roupas muito apertadas na área genital, já que o uso desses tecidos favorece a proliferação de microrganismos e impacta a fertilidade.

Problemas de saúde como diabetes e alterações no colesterol também interferem nesse processo. Já mulheres que enfrentaram desordens alimentares durante muitos anos, como a bulimia e a anorexia, podem apresentar dificuldades na ovulação, mesmo mantendo um ciclo menstrual regular. “Hábitos saudáveis, como dieta equilibrada, atividade física, não fumar, ter os exames de rotina em dia, com certeza são fatores que promovem saúde e podem ajudar na fertilidade”, aponta Dra. Alice. “O mais importante é procurar ajuda especializada e garantir um bom acompanhamento para tratar essa condição”.